Dez países votaram para condenar votações sobre anexação de territórios ucranianos pela Rússia; China, Índia e Gabão acompanharam o Brasil nas abstenções| Foto: EFE/EPA/Peter Foley
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A Rússia vetou nesta sexta-feira (30) no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que buscava condenar os referendos de anexação organizados em quatro regiões ucranianas e que exigia que Moscou retirasse imediatamente suas tropas do país vizinho.

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O “não” russo foi o único voto contrário ao texto proposto por Estados Unidos e Albânia, que recebeu dez apoios, enquanto quatro países (Brasil, China, Índia e Gabão) se abstiveram.

Washington já havia anunciado que, diante do previsível veto russo, pretende levar uma proposta semelhante à Assembleia Geral das Nações Unidas, onde nenhum Estado pode bloquear uma decisão sozinho, mas cujas resoluções têm menos peso.

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O objetivo, segundo disse a embaixadora americana, Linda Thomas-Greenfield, será enviar a Moscou uma “mensagem inequívoca” de que “o mundo ainda está do lado da defesa da soberania e da proteção da integridade territorial”.

Thomas-Greenfield, ao pedir votos favoráveis à sua proposta, ressaltou que o Conselho de Segurança foi criado justamente para atuar em questões como essa e que deveria responder “aos atos ilegais da Rússia de anexar território ucraniano”.

“As Nações Unidas foram construídas sobre a ideia de que um país nunca mais poderá tomar o território de outro pela força”, frisou a diplomata americana, que ressaltou que os resultados destes “referendos fraudulentos foram predeterminados por Moscou e o mundo inteiro sabe”.

Por sua vez, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, descreveu a resolução como uma “ação hostil do Ocidente” e como uma “provocação”.

“Vocês acreditam seriamente que a Rússia pode considerar e apoiar este projeto? E se não acreditam, então estão intencionalmente nos empurrando para usar o veto e logo ficarem líricos sobre o fato de que a Rússia abusa desse direito”, criticou Nebenzya.

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O representante de Moscou defendeu a legalidade das consultas realizadas em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhya, observando que aqueles que votaram mostraram um apoio esmagador à adesão à Rússia.

O embaixador russo também criticou a postura do secretário-geral da ONU, António Guterres, que na véspera rechaçou veementemente os referendos e os planos russos de anexação desses territórios.

“Qualquer decisão de prosseguir com a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhya não terá valor legal e merece ser condenada”, disse Guterres antes de o presidente russo, Vladimir Putin, oficializar a medida nesta sexta-feira.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]