Saddam Hussein é executado por enforcamento, diz TV

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Encerrou-se no início da madrugada deste sábado um sangrento capítulo na história do Oriente Médio. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein foi executado em Bagdá, por volta das 01h05min (horário de Brasília), junto com dois de seus aliados, entre eles um de seus meio-irmãos, informaram redes de TV árabes.

A morte de Saddam foi confirmada exatamente às 01h33 (horário de Brasília) por um integrante de sua equipe de Defesa e, minutos depois, por um integrante do Ministério das Relações Exteriores do Iraque. Autoridades iraquianas teriam gravado um vídeo da execução como prova da morte do ex-ditador.

Saddam foi sentenciado à morte pelo massacre de 148 civis xiitas em 1982, o que foi considerado um crime contra a Humanidade pelo Alto Tribunal Iraquiano. Ele estava sendo também acusado pelo genocídio de milhares de curdos, com a utilização de armas químicas, em 1988.

Forças americanas e iraquianas entraram de prontidão, já que a execução do ex-ditador aconteceu num dos momentos mais violentos da história do país e especialistas temem o agravamento da situação.

Saddam passou os últimos três anos de vida como prisioneiro dos norte-americanos, cujos tanques entraram em Bagdá e acabaram com seu poder em abril de 2003. Ele foi detido em dezembro do mesmo ano por soldados que o encontraram escondido num buraco na terra, perto da sua cidade natal, Tikrit. Rendeu-se pacificamente.

Os iraquianos, que haviam passado décadas sob o olhar orgulhoso de Saddam em estátuas e cartazes, viram-no então humilhado, com a boca aberta para uma inspeção médica, a barba grisalha e o aspecto descuidado após meses de fuga.

Porém, quando o julgamento começou, em outubro de 2005, vestia novamente um terno impecável e tinha a mesma postura desafiadora com a qual, ao se identificar ao tribunal, declarou: ``Sou o presidente do Iraque''. Desde o princípio, repudiou o tribunal, que tinha respaldo dos EUA.

Culpado

Saddam, de 69 anos, foi considerado culpado pela morte de 148 homens xiitas na aldeia de Dujail, onde ele sofrera um atentado em 1982. Há também relatos de torturas e outros crimes contra a população da aldeia.

Numa das audiências transmitidas pela TV, em julho, ele reivindicou um lugar na história e, numa de seus discursos violentos, afirmou que na sua qualidade de oficial militar merecia ser fuzilado, e não enforcado.

Saddam, cujo nome significa ``o que enfrenta'', em árabe, voltou à corte em agosto, para enfrentar um outro julgamento por acusações de genocídios contra os curdos em 1988.

O julgamento não foi concluído, e os curdos se opuseram à execução de Saddam no sábado porque esperavam que ele chegasse a ser condenado no processo relativo à sua etnia.

Na terça-feira, o Superior Tribunal Iraquiano manteve a sentença de morte e exigiu que ela fosse cumprida em 30 dias.

Catarse

Embora as autoridades norte-americanas tenham dito que o julgamento seria como uma catarse para o povo iraquiano, na verdade nos últimos meses a população lhe dava pouca atenção, mais preocupada que estava com as dificuldades cotidianas e a violência sectária que deixa o país à beira de uma guerra civil.

O impiedoso regime de Saddam conseguia conter as tensões entre árabes e curdos, bem como entre a maioria de muçulmanos xiitas e a minoria sunita, então dominante.

Mas, com o vácuo de segurança posterior à invasão norte-americana de 2003, os insurgentes sunitas e as milícias sectárias mataram milhares de pessoas.

Saddam, que conclamou os iraquianos a deter os confrontos entre etnias e a centrarem-se na luta contra os norte-americanos, sempre teve clara a importância de proteger sua imagem para consolidar sua liderança, num país formado por um mosaico de etnias e comunidades religiosas.

Como presidente, apelou em repetidas ocasiões ao nacionalismo árabe, ao Islã e ao patriotismo iraquiano. Costumava aparecer em público com trajes camponeses típicos, farda ou terno em estilo ocidental. Leia também:

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