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Bagdá (Reuters) – Saddam Hussein acusou ontem as forças norte-americanas de agredi-lo na prisão. Horas antes, o tribunal que julga o ex-ditador ouviu depoimentos sobre assassinatos e torturas supostamente ocorridos durante seu regime. "Fui agredido e torturado pelos norte-americanos.", disse Saddam já no fim de uma audiência em que estava visivelmente abatido. Uma autoridade dos EUA envolvida no processo negou as acusações.

No começo do dia, duas testemunhas descreveram torturas sofridas nas mãos dos subalternos de Saddam. Uma delas disse que os guardas do regime jogavam plástico fervente sobre as vítimas e queimavam seus pés. "Eles ficavam com uma dor imensa quando o plástico solidificava sobre seus corpos", contou uma testemunha. "Um homem saiu andando com seus próprios pés e voltou jogado num cobertor." A outra testemunha disse ter recebido choques elétricos. Enquanto berrava de dor na câmara de tortura do serviço de inteligência, em Bagdá, o chefe do departamento, Barzan Al Tikriti, meio-irmão de Saddam, assistia a tudo comendo uvas, afirmou.

Saddam reagiu, dizendo ter sido agredido e torturado desde dezembro de 2003, quando foi preso pelos Estados Unidos. Ele chegou a afirmar que os responsáveis por torturas devem ser punidos. Saddam, Barzan e outros seis réus são acusados de crimes contra a humanidade, relativos à morte de 148 xiitas na aldeia de Dujail, em 1982, logo após o ex-ditador ter sofrido um atentado no local. Depoimentos anteriores sobre os horrores do regime foram muitas vezes vacilantes e imprecisos, mas a primeira testemunha de ontem Ali Hassan Al Haidari, falou calma e coerentemente, fazendo acusações bastante específicas. Ele contou como Barzan o chutou numa ocasião em que estava, febril, estirado em um corredor. "Ele disse aos guardas: ‘Não tratem dele, essa família não merece viver"’, relatou Haidari. "Passei semanas dolorido por causa daquele chute.

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