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| Foto: MARK WILSON/AFP

Passada a surpresa com a vitória inesperada de Donald Trump, os holofotes, agora, voltam-se para a composição do novo governo americano e, principalmente, para que direção ela aponta. Nos bastidores, ao longo da disputa com Hillary Clinton, o republicano enfrentou rejeição dentro do próprio partido, mas contou com o apoio incondicional de um restrito círculo de confiança que pode, a partir de janeiro, ter papel de destaque na Casa Branca.

Além dos próprios familiares e da equipe de campanha, nomes experientes integraram a linha de frente de Trump, que será um presidente pouco habituado ao tabuleiro político de Washington, tendo investido no perfil de outsider para conquistar o eleitorado americano. A expectativa é de que estes aliados sejam justamente escolhidos para ocupar cargos centrais de seu governo. Embora incerta, a lista indica quão forte pode ser a ruptura com as políticas adotadas pela gestão do democrata Barack Obama.

Primeiro senador a declarar apoio a Trump e membro da sua tropa de choque, Jeff Sessions, do Alabama, é cotado para o cargo de secretário de Defesa, assim como o general aposentado Mike Flynn, segundo o site especializado “Politico”. Linha-dura como Trump quando o assunto é imigração, Sessions se dedicou a criticar a abertura de Obama – chamado por ele de “imperador dos EUA” – para a reforma do sistema de imigração do país.

Obamacare na berlinda

O neurocirurgião conservador Ben Carson, por sua vez, pode chefiar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Crítico do programa de saúde Obamacare, instituído em 2010 e que se transformou numa das marcas do governo do democrata, o ex-presidenciável afirmou em 2013 que o sistema foi a pior coisa que já aconteceu no país desde a escravidão. O plano de saúde pública, aliás, deve ser alvo de uma ofensiva republicana também nas Casas legislativas, dominadas pelo partido de Trump.

Quando o assunto é o relacionamento externo do governo Trump, no entanto, há mais dúvidas que certezas, aponta Carla Robbins, analista de segurança nacional e diplomacia do Conselho de Relações Exteriores. A pesquisadora destaca que, se o republicano não tem experiência no governo, tem ainda menos em relações externas e que o único episódio disso na campanha, a visita ao México para encontrar o presidente Enrique Peña Nieto, foi um desastre.

“Mas o Partido Republicano tem uma longa tradição no tema, tem uma linha sólida. Acredito que Newt Gingrich pode ser um de seus principais auxiliares na área”, avalia Carla.

Newt Gingrich, presidente da Câmara dos Representantes entre 1995 e 1999, pode ser, de acordo com a NBC, o próximo secretário de Estado. O ex-deputado chegou a ser cotado para vice-presidente de Trump. O posto, no entanto, ficou para Mike Pence. Em 2012, Gingrich disputou com Mitt Romney a indicação republicana, mas foi derrotado nas primárias. O ex-deputado também é apontado, entre republicanos, como alguém que pode ajudar a reconstruir o partido, que sai rachado desta eleição.

Perfis moderados

Há também espaço para perfis mais moderados. Um dos principais conselheiros de Trump, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, amigo do presidente eleito há décadas, compareceu a todos os comícios mais importantes do republicano e pode, agora, ocupar a Procuradoria-Geral. Giuliani saiu fortalecido dos atentados de 11 de setembro de 2001, quando comandou a prefeitura da cidade e percorreu as ruas de Manhattan, pedindo aos nova-iorquinos que mantivessem a calma.

Na ocasião, discursou sobre a necessidade de união dos países contra o terrorismo, mas também ressaltou que Nova York é uma cidade de imigrantes, em tom oposto ao adotado por Trump na corrida pela Casa Branca. Também considerado moderado, o governador de Nova Jersey, Chris Christie, é outro aliado que pode ocupar a Procuradoria-Geral. Christie se tornou um dos maiores apoiadores de Trump, após retirar a própria pré-candidatura à Casa Branca.

Apoio dos filhos

Embora costume dizer que toma suas decisões sozinho e com base em seus instintos, Trump também contará com o auxílio dos filhos mais velhos – frutos do primeiro casamento, com a modelo tcheca Ivana Zelnícková – seus fiéis conselheiros. Ivanka, de 34 anos, a filha favorita de Trump, foi consultada para quase tudo na campanha. A empresária é vice-presidente de Desenvolvimento e Aquisições do império do pai, as Organizações Trump, e ao longo da disputa tornou-se uma aposta para conquistar o eleitorado feminino, hostil ao magnata. Ivanka participou ativamente da elaboração de propostas do republicano sobre licença-maternidade e o tratamento das crianças e deve desempenhar uma função importante em seu governo.

Filho mais velho, Donald Trump Jr., de 38 anos, também teve papel central na campanha do pai. Ao longo da corrida pela Casa Branca, no entanto, envolveu-se em algumas controvérsias que prejudicaram a imagem de Trump. Foi criticado por ter participado de um programa de rádio ao lado de um conhecido defensor da supremacia branca; no Twitter, comparou refugiados sírios a balas envenenadas; fez piada com câmaras de gás numa entrevista; e, assim como a mulher de Trump, Melania, foi acusado de plágio na Convenção Nacional Republicana.

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