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Candidato nacionalista Ollanta Humala confirmou o favoritismo e venceu o primeiro turno nas eleições peruanas. Keiko Fujimori levou a melhor sobre o rival Pedro Pablo Kuczynski e garantiu o segundo lugar nas eleições | Reuters
Candidato nacionalista Ollanta Humala confirmou o favoritismo e venceu o primeiro turno nas eleições peruanas. Keiko Fujimori levou a melhor sobre o rival Pedro Pablo Kuczynski e garantiu o segundo lugar nas eleições| Foto: Reuters

Novo rumo

Pela classe média, Humala ignora Chávez

O esquerdista Ollanta Humala, de 48 anos, é o líder da coalizão nacionalista Gana Perú. Ele ficou famoso em 2000 ao liderar uma rebelião militar contra o então presidente Alberto Fujimori.

Humala, de ascendência indígena, tem grande apoio entre os mais pobres. Concorreu à Presidência em 2006 pedindo rompimento de contratos e estatizações.

Chegou ao segundo turno, mas sua forte ligação ao presidente venezuelano Hugo Chávez gerou preocupações na classe média e alta peruanas e lhe custou a eleição. Desta vez, adotou um tom mais moderado e vem se afastando de Chávez.

Humala é acusado de abusos de direitos humanos quando era capitão do exército e lutava contra o Sendero Luminoso, nos anos 1990.

Neoliberal

Filha defende liberdade a Fujimori

Keiko Fujimori, 35 anos, é a filha mais velha de Alberto Fujimori, que presidiu o Peru de 1990 até 2000 e cumpre pena de 25 anos por corrupção e abusos de direitos humanos.

Foi a deputada mais votada em 2006. Eleita, teve recorde de faltas, 500.

Ela prega uma agenda econômica neoliberal, bastante à direita. Keiko gera críticas em relação a suas tendências não democráticas, pois não condenou de forma mais dura o golpe que seu pai deu. Em 1992, ele fechou o congresso e destituiu os juízes.

Keiko diz querer o pai fora da prisão, e não exclui perdoar seus crimes, se eleita. Defende os êxitos do governo do pai, como o controle da hiperinflação e a derrota do Sendero Luminoso. É casada com um americano e tem duas filhas.

Com a passagem para o segundo turno assegurada, o candidato de esquerda à Presidência do Peru, Ollanta Humala, começa a se apro­­ximar de outros partidos pa­­ra conquistar a parcela da população que o acha muito radical. On­­tem, foi confirmado que Humala enfrentará Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fuji­­mori. Os peruanos irão novamente às urnas no dia 5 de junho

O partido de Humala, o Gana Perú, sinalizou que poderia convocar a moderada Beatriz Merino, uma respeitada ex-primeira-mi­­nistra no governo Alejandro Tole­­do, para ocupar o mesmo cargo se ele for eleito.

Partidários de Humala já procuram também o ex-presidente Alejandro Toledo para compor uma aliança.

A ideia é evitar que o cenário de 2006 se repita – naquele ano, Humala perdeu o segundo turno para Alan García, porque houve um movimento de "todos contra Humala’’, diante da percepção de que o esquerdista era muito alinhado com o líder venezuelano Hugo Chávez.

"Fazemos uma convocação para a unidade política; queremos nos sentar, com humildade, para conversar com todos’’, disse Humala.

Humala teve cerca de 31% dos votos. Keiko, que representa um eleitorado mais à direita, teve 23%. Fora do segundo turno, Pe­­dro Pablo Kuczynski, o PPK (centro-direita), teve pouco menos de 20%. O ex-presidente Alejandro Toledo (centro-direita) ganhou 15% dos votos.

O resultado reflete a insatisfação das classes baixas peruanas, que apoiam Humala e Keiko, ambos com discursos bastante populistas. A população de baixa renda se sente excluída do alto crescimento do país.

Segundo o analista político Heber Joel Campos, da Pontifícia Universidade Católica do Peru, Humala terá de se moderar para conquistar pelo menos uma parcela dos eleitores de Toledo.

"Os eleitores de PPK dificilmente irão votar em Humala, porque se alinham mais com as políticas de direita de Keiko’’, diz Campos.

Já o ex-presidente Toledo indicou que dificilmente se aliaria a Keiko, que, segundo ele, "representa o passado obscuro de ditadura e violações de direitos humanos.’’

Em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, o prêmio Nobel peruano Mario Vargas Llo­­sa voltou a comparar o segundo turno entre Keiko e Humala a es­­colher "entre Aids e câncer ter­­minal’’."Humala é um Chávez com lin­­guagem abrasileirada, uma catástrofe’’, disse. "E com Keiko, os criminosos e assassinos saem da pri­­são e entram no go­­verno.’’

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