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O ex-premiê Silvio Berlusconi (ao microfone) quer aliança com a centro-esquerda para a formação do governo | Stefano Rellandini/Reuters
O ex-premiê Silvio Berlusconi (ao microfone) quer aliança com a centro-esquerda para a formação do governo| Foto: Stefano Rellandini/Reuters

União nacional

Berlusconi diz que só coalizão resolverá impasse político

O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi voltou a afirmar ontem que o único meio de o país sair do impasse gerado pelos resultados das últimas eleições, realizadas há um mês, é formar um governo de união nacional. Berlusconi deu a declaração ao sair de uma reunião com o presidente da República, Giorgio Napolitano, 87 anos, que abriu uma nova rodada de consultas com os principais grupos políticos após o fracasso de Pier Luigi Bersani, líder da centro-esquerda, em formar um governo. O ex-premiê disse que "a posição da coalizão de centro-direita não mudou" e que a solução é "um governo de coalizão" do qual participem tanto o seu partido, o Povo da Liberdade, quanto o Partido Democrata de Bersani, a Liga Norte e a Escolha Cívica, do premiê interino, Mario Monti.

O secretário-geral da Liga Norte, Roberto Maroni, também apoiou a ideia de um governo de unidade liderado por um "político", mas especificou que ambos – ele e Berlusconi – não apoiarão um gabinete tecnocrata como o de Monti.

Monti voltou a reclamar da própria situação nesta semana e já disse que não vê a hora de deixar o cargo.

Folhapress

O impasse político da Itália foi prolongado por pelo menos mais um dia, depois que o presidente do país, Giorgio Napolitano, decidiu ganhar tempo para descobrir se ainda há alguma maneira de formar um governo e evitar o espectro das eleições em alguns meses. Uma possibilidade é de que o presidente nomeie uma figura nova e apartidária para liderar um gabinete capaz de atrair uma maioria parlamentar.

O Partido Democrático, de esquerda, e os conservadores da sigla Povo da Liberdade indicaram em breves declarações após as conversas de ontem que, considerando a situação da economia da Itália e a necessidade de reformas urgentes, estariam dispostos, mesmo a contragosto, a apoiar a um governo de vários partidos liderado por um nome respeitável escolhido pelo presidente.

Napolitano falou com os partidos políticos italianos na esperança de que poderia quebrar o impasse político que assola a Itália desde as inconclusivas eleições nacionais do mês passado. O escritório de Napolitano indicou que o chefe de Estado espera oferecer algum tipo de solução antes da Páscoa, ou seja, o chefe de Estado pode fazer um anúncio ainda hoje.

As consultas de ontem ocor­­reram depois de o líder de esquerda Pier Luigi Bersani não ter conseguido, durante a semana, reunir apoio parlamentar suficiente para formar um novo governo, liderado pelo Partido Democrático. Bersani não conseguiu persuadir o Movimento Cinco Estrelas, que conquistou mais de 25% dos votos nas eleições de fevereiro, a apoiar um novo governo liderado por ele.

Se ninguém conseguir reunir apoio para formar um novo governo, novas eleições no início do segundo semestre podem ser inevitáveis. A situação incomum destaca o problema enfrentado pela Itália: cada dia de incertezas políticas adia a resolução das sérias questões econômicas do país, dentre eles uma série de dívidas, e pode inquietar ainda mais os mercados, já bastante agitados com os problemas no Chipre e em outros países.

O Movimento Cinco Es­­trelas, liderado pelo ex-comediante Beppe Grillo, reiterou ontem que não vai cooperar com nenhum dos partidos tradicionais. Por sua vez, Bersani descartou uma coalizão com Berlusconi, que lidera o grupo de centro-direita. Mas, em uma breve declaração a jornalistas ontem, o vice-chefe do Partido Democrático, Enrico Letta, disse que sua sigla "em nome da responsabilidade, daria o seu apoio a qualquer decisão" que Napolitano propusesse.

O partido de Bersani e outras legendas aliadas têm a maioria das cadeiras na câmara baixa do Parlamento, nas não no Senado, onde o Partido da Liberdade, de Berlusconi, e o Movimento Cinco Estrelas controlam uma significativa parcela dos assentos.

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