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Navio da Guarda Costeira Italiana chega ao porto de Trapani com 61 migrantes que foram resgatados na costa da Líbia | ALESSANDRO FUCARINI/AFP
Navio da Guarda Costeira Italiana chega ao porto de Trapani com 61 migrantes que foram resgatados na costa da Líbia| Foto: ALESSANDRO FUCARINI/AFP

Com a implementação por países europeus da política de impedir a aproximação de botes e de navios de resgates operados por organizações não governamentais, o número de refugiados mortos ou desaparecidos em travessias no Mediterrâneo disparou.

Apenas nas últimas quatro semanas, mais de 600 pessoas, incluindo bebês e crianças foram vítimas, o que representa quase metade do total das mortes na região desde o início do ano, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU, divulgados pela ONG Médicos sem Fronteiras (MSF). 

Segundo dados da OIM, nos seis primeiros meses do ano, 45,8 mil pessoas fizeram a travessia,54,6% a menos do que em igual período de 2017. O número de mortes, entretanto, teve uma queda menor: 38,1%. Foram 1,4 mil entre janeiro e junho. 

"As decisões políticas europeias tomadas durante as últimas semanas tiveram consequências mortais. Foi tomada a sangue-frio uma decisão que deixa homens, mulheres e crianças se afogarem no mar Mediterrâneo. Isso é ultrajante e inaceitável", disse Karline Kleijer, chefe de emergências de MSF. 

"Em vez de obstruir deliberadamente a oferta de assistência médica e humanitária que salva a vida de pessoas em perigo no mar, os governos europeus devem criar uma estrutura proativa e dedicada de busca e resgate no mar Mediterrâneo." 

Operação de resgate 

No mês passado, o navio Aquarius, operado pela ONG SOS Méditerranée em parceria com MSF, foi impedido pelas autoridades da Itália e de Malta de desembarcar 630 pessoas resgatadas no mar. O navio acabou sendo recebido pela Espanha. 

A Espanha recebeu outros dois navios com imigrantes resgatados e impedidos de aportar na Itália: o Dattilo, da Guarda Costeira italiana, com 274 migrantes, e o Orione, com mais 249 migrantes. 

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"A decisão política de fechar os portos ao desembarque de pessoas resgatadas no mar e a confusão no Mediterrâneo Central levaram a um aumento da mortalidade de pessoas durante a travessia marítima mais mortal do mundo", disse Sophie Beau, vice-presidente da SOS Méditerranée. 

"A Europa carrega o peso dessas mortes em sua consciência. Os governos europeus devem reagir imediatamente e garantir que as leis internacionais marítimas e humanitárias que estabelecem a obrigação de resgatar pessoas em perigo no mar sejam plenamente respeitadas." 

Ritmo cresceu antes de acordo 

O ritmo de saídas de migrantes de seus países de origem, em grande maioria africanos procedentes da Líbia, acabou se acelerando após um acordo europeu destinado a dissuadir essas rotas marítimas e a reforçar o controle nas fronteiras. Desde o início da crise migratória, o verão do hemisfério Norte é também conhecido como a época em que se registra um aumento significativo de travessias, devido ao bom tempo e à visibilidade. 

"Traficantes inescrupulosos que têm pouca consideração pela vida humana continuam colocando em perigo a vida das pessoas que atravessam o mar por meio de embarcações frágeis e não dignas. É necessário haver um sistema com recursos suficientes e plenamente operacional para salvar vidas humanas no mar Mediterrâneo", afirmou em nota MSF. 

"Enquanto isso não estiver em vigor, os navios de resgate mantidos por ONGs têm um papel vital a desempenhar para oferecer assistência àqueles que estão em perigo no mar e para evitar a perda desnecessária de vidas. Os navios devem ser livres para usar os portos seguros mais próximos nas operações de resgate, incluindo desembarques e reabastecimento."

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