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A Federação Nacional Campesina (FNC) do Paraguai anunciou que a partir de segunda-feira (15) vai retomar a invasão de propriedades. Segundo o dirigente da entidade, Marcial Gómez, a medida será tomada porque o presidente Fernando Lugo até agora não recuperou terras, não fez a reforma agrária e nem está lutando contra os latifundiários.

A data da ação dos sem-terra é a mesma de um protesto marcado pela entidade patronal do agronegócio União dos Grêmios da Produção (UGP), que vai levar seus tratores para as estradas do país com o objetivo de protestar contra a insegurança, numa referência às ocupações realizadas por lavradores sem-terra.

"O governo não tem nem um só plano definido sobre o que fará para solucionar os problemas dos camponeses", disse Gómez, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira. Ele acrescentou reuniu-se, juntamente com outros líderes sem-terra, com o presidente Lugo, mas "nem sequer temos sinais do Estado de que prestarão assistência às famílias pobres. Parece que nossas autoridades não querem molestar os interesses dos grandes latifundiários, proprietários de grandes extensões de terras ociosas".

Gómez afirmou que já foi feita pressão contra Lugo e seus assessores, com o bloqueio de estradas, ocupação pacífica de instituições públicas e invasão de propriedades rurais. "Não nos resta outro caminho para forçar a realização da reforma agrária", afirmou. Mas tanto o governo como os donos de terra têm pontos de vista diferentes sobre o problema.

Alberto Alderete, presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), declarou que "em poucos dias colocaremos em ação um gigantesco plano de assistência aos trabalhadores rurais, envolvendo ao redor de vinte instituições públicas". "Os compatriotas devem entender que a demora só obedece ao interesse de fazer bem o trabalho que vai levar à reforma agrária, que não consiste apenas na entrega de terras, mas também em colocar em prática sistemas educativos, sanitários e a construção de estradas". Ele acrescentou que está no Congresso um pedido de expropriação de cerca de 16 mil hectares de uma propriedade no Chaco Boreal. Alderete disse também que estão sendo realizadas outras ações de recuperação de terras em poder de "pessoas não beneficiadas com planos anteriores de reforma agrária".

A Associação Rural, integrada por pecuaristas, divulgou um documento elaborado por uma empresa privada que indica que - supostamente - os camponeses possuem 2 milhões de hectares de terras abandonadas. "O governo deve capacitar os sem-terra para a produção, porque terra eles têm o suficiente, só que não sabem trabalhar", afirmou Juan Néstor Núñez, presidente da UGP. As informações são da Associated Press.

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