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Em 1993, o rei do narcotráfico Pablo Escobar foi morto a tiros por forças especiais colombianas. Além de um rastro de violência, um histórico de terrorismo e uma fortuna incalculável, Escobar deixou um outro legado para lá de controverso: dezenas de animais selvagens levados diretamente da Ásia, África e América do Norte para a Hacienda Nápoles, onde vivia na Colômbia, incluindo elefantes, búfalos, cangurus, antílopes, rinocerontes, girafas e nove hipopótamos.

Enquanto grande parte dos animais teria sido levada a zoológicos do país, alguns hipopótamos foram deixados para trás. Adaptados ao ambiente, hoje os hipopótamos - animais exclusivamente africanos - se reproduziram e já são mais de 20, que andam livremente despertando um misto de medo e simpatia na população de Magdalena Medio (noroeste da Colômbia). Agora, ambientalistas lideram uma luta para controlar a situação, mas encontram o grande obstáculo da falta de verba governamental.

Documentários despertaram atenção mundial

A lenda diz que Escobar importou os animais na década de 80, quando fezes de animais selvagens eram usadas para enganar cães farejadores de drogas - que ficavam assustados ao sentir o odor. Mas os animais da Hacienda Nápoles começaram a realmente preocupar os vizinhos em 2006, quando o hipopótamo Pepe fugiu da propriedade sem muros, aterrorizando a população da região. Pepe acabou morto por dois tiros três anos mais tarde.

Mas, no ano passado, outro hipopótamo - o Napolitano - também se aventurou buscando novos ares fora da fazenda. O governo decidiu então que Napolitano não teria o mesmo triste fim de Pepe, e montou uma operação cinematográfica para capturá-lo e castrá-lo. Equipes das emissoras Animal Planet e Discovery Channel se interessaram pela "caçada", e filmaram toda a operação, segundo a revista digital colombiana Kien and Ke.

Projeto de castração custa quase R$ 1 milhão

Com o risco de que outros hipopótamos fujam, pondo a população em risco - o animal é considerado o que mais provoca a morte de humanos na África - pesquisadores tentam encontrar uma solução para a questão. A exibição, este ano, do documentário sobre Napolitano em vários países do mundo despertou a atenção dos colombianos para o problema, mobilizando diversas associações ambientalistas do país, além do Ministério do Meio Ambiente e do Exército.

O principal projeto sugerido por esses grupos é o de castrar todos os hipopótamos machos, a exemplo do que foi feito com Napolitano. A operação, no entanto, custaria o equivalente a quase R$ 1 milhão. Há ainda quem sugira a construção de um muro em torno da Hacienda Nápoles, ou ainda a transformação do local num parque zoológico.

Nenhum dos projetos, no entanto, conseguiu a verba necessária, e a população não chega a um consenso sobre o destino dos bichos - considerados por alguns o único legado positivo deixado pelo czar da cocaína. "Por que não deixam os hipopótamos de Magdalena tranquilos? Por que tudo temos que resolver sempre com brutalidade", protesta o internauta Julian Otoya.

Outros sugerem ainda que os animais sejam enviados de volta à África, mas ninguém parece saber quem pagaria por tal operação.

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