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Clérigos da Arábia Saudita, aliada leal dos EUA e país onde Osama bin Laden nasceu, rejeitaram as afirmações feitas por autoridades norte-americanas garantindo que respeitaram os rituais islâmicos ao sepultar o corpo do líder da Al-Qaeda no Mar da Arábia.

Morto a tiros por forças dos EUA em um ataque a uma mansão no Paquistão no domingo, Bin Laden foi colocado em um saco com pesos e atirado no norte do Mar da Arábia a partir do convés de um porta-aviões norte-americano, o Carl Vinton, disseram militares dos EUA.

Mas muitos muçulmanos na Arábia Saudita e em outros pontos da região árabe do Golfo, incluindo opositores da ideologia militante de Bin Laden, disseram que o fato de os ritos funerários terem sido lidos para ele não reduz o choque diante do fim dado ao corpo.

"Essa não é a maneira islâmica. A maneira islâmica é sepultar uma pessoa em terra, como todas as outras pessoas", disse o xeique saudita Abdul Mohsen Al-Obaikan, assessor da corte real saudita.

No passado, se uma pessoa morresse em um navio e não pudesse ser sepultada em terra antes de se passarem muitos dias, "então jogavam seu corpo no mar, com um peso", disse ele. "Hoje o caso é diferente. Temos aviões e congeladores. Não é necessário livrar-se do corpo no mar, dessa maneira."

Bin Laden não morreu no mar. Seu corpo foi levado de helicóptero ao navio depois de ele ser morto a tiros em Abbottabad, perto de Islamabad.

Washington disse que o corpo de Bin Laden foi tratado com respeito. Ele teria sido lavado e envolto em uma mortalha branca, em preparativos que duraram quase uma hora, e frases religiosas teriam sido proferidas antes de seu corpo submergir na água.

O clérigo e juiz saudita Issa al-Ghaith disse acreditar que Washington cometeu um erro ao sepultar Bin Laden no mar, algo que ele disse ser anti-islâmico, acrescentando que isso mostrou que os norte-americanos "o temem, mesmo na morte".

No Iêmen, país dos ascendentes do líder militante morto aos 54 anos e que abriga uma ala ativa da Al-Qaeda, críticos disseram que o corpo de Bin Laden deveria ter sido entregue a sua família.

"Não basta fazer orações sobre o corpo de Bin Laden para diminuir a ira de seus partidários ou mesmo dos muçulmanos comuns", disse Mohammed al-Ahmedi, um jornalista iemenita.

Washington disse que o sepultamento no mar foi melhor em função da limitação de tempo, alegando que transferir o corpo de Bin Laden a outro país para ser sepultado poderia ter levado tempo demais e observando que a tradição islâmica prefere um sepultamento rápido.

Na realidade, dizem analistas, é pouco provável que a Arábia Saudita teria permitido que Bin Laden fosse enterrado em seu solo. Sua família, que enriqueceu com o boom de construção no país, o renegou, e em 1994 ele foi destituído da cidadania saudita.

A Arábia Saudita, que foi sujeita a uma onda de ataques da Al-Qaeda entre 2003 e 2006, antes de a campanha ser sufocada, disse na terça-feira que "um mal chegou ao fim" com a morte de Bin Laden, descrevendo-o como um mal para ele mesmo, para sua família e para os países árabes.

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