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Quatro questões que Osama bin Laden deixou para trás

Joy Nocera, jornalista do jornal The New York Times

Até o diabo já sabe que Osama bin Laden foi o maior terrorista da idade moderna. Ele juntou tudo que era discrepante, somou a grupos terroristas desarticulados e reformulou essa combinação para criar uma organização disciplinada e imensamente ambiciosa, a Al-Qaeda, com o único objetivo de espalhar o jihad pelo mundo ocidental, em especial nos EUA. Sua proeza terrorista mais evidente aconteceu no dia 11 de setembro de 2001.

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A declaração de representantes do governo norte-americano de que as tradições islâmicas foram respeitadas e, depois, o corpo de Osama bin Laden foi jogado no mar não tem fundamento para a comunidade muçulmana. "Nós desconhecemos esse ritual de sepultamento nas águas. Tem que ser no solo", diz Gamal Ou­­mairi, vice-presidente da Socie­­dade Beneficente Muçulmana do Paraná.

Oumairi explica que, segundo a tradição, o corpo tem que ser lavado três vezes (com cedro, cânfora e água corrente). Depois, deve ser vestido em uma mortalha composta por calça e camisa, e envolto em mais uma mortalha que é como um manto. Um teólogo muçulmano conduz o ritual e faz uma oração fúnebre. E, então, corpo deve ser enterrado com a cabeça voltada para Meca. Recomenda-se que o en­­terro seja feito no mesmo dia do falecimento. Mas, caso seja preciso transportar o corpo, não há restrições.

O líder religioso diz que o comentário entre a comunidade muçulmana é que a história está muito mal explicada devido à falta de provas. Mas Oumairi faz questão de destacar: "Não torcemos pelo Bin Laden, não acreditamos que a maneira como ele agia fosse a forma de militar no islamismo. Para nós, se ele morreu mesmo, é uma boa notícia. Tira do ombro dos muçulmanos a acusação de que o islã é o vilão".

O professor de relações In­­ternacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Heni Ozi Cuckier, avalia que os EUA demonstraram bastante preocupação com o ritual islâmico para evitar incitar a ira dos muçulmanos. Ele concorda com o argumento norte-americano de que a decisão de jogar o corpo no mar minimiza o culto e a adoração ao líder terrorista. "Se ele fosse enterrado, o local ia virar centro de peregrinação. Isso daria mais força à Al Qaeda", explica o professor. "Além disso, nenhum país aceitaria receber o corpo do terrorista. "Onde seria enterrado? Nenhum americano ia querer, nem a Arábia Saudita, nem Egito ou Afeganistão. Nin­­guém ia querer esse problema", completa.

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