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Centenas de pessoas fizeram na sexta-feira uma silenciosa passeata num degradado subúrbio de Paris para marcar o primeiro aniversário do incidente que provocou os piores distúrbios na capital francesa em quase 40 anos.

``Pode-se realmente sentir o ódio e o sofrimento das pessoas que vivem em Clichy-sous-Bois'', disse Soumeya Ata, que viajou de Pau (sudoeste da França) para participar do evento.

Cerca de 500 pessoas, a maioria jovens de famílias imigrantes, participaram da marcha em Clichy-sous-Bois, onde há um ano dois adolescentes morreram eletrocutados quando, segundo testemunhas, fugiam da polícia.

``Mortos à Toa'' diziam camisetas usadas por alguns manifestantes, que passaram diante da subestação elétrica onde os rapazes morreram. Parentes choraram ao deixar flores no portão da instalação.

Os organizadores propuseram uma reflexão silenciosa para lembrar a tragédia, mas alguns canais de TV tiveram de tirar suas equipes do local após receberem ameaças de alguns jovens.

A tensão permanece elevada nos subúrbios franceses, onde a falta de empregos, a discriminação racial e a desconfiança em relação à polícia desencadearam a onda de violência de 2005.

``Nada mudou'', disse a manifestante Rafika Benguedda, estudante de 21 anos.

Nos dias que antecederam ao aniversário, alguns ônibus foram incendiados na periferia de Paris, o que levou o governo a reforçar o policiamento na noite de quinta-feira. Os donos de ônibus ameaçavam paralisar suas atividades caso os incêndios prosseguissem.

O governo tentou minimizar a data e destacou a liberação de 420 milhões de euros (531,6 milhões de dólares) para programas sociais nos subúrbios desde a crise. ``As coisas estão melhores, menos ruins'', disse o porta-voz governamental Jean-François Cope à rádio France Inter.

Embora a taxa nacional de desemprego venha caindo desde o ano passado, as autoridades locais vêem poucos progressos.

``Pouca coisa mudou no dia-a-dia das pessoas'', disse à Reuters durante a passeata Olivier Klein, o vice-prefeito socialista de Clichy-sous-Bois. ``O que está sendo feito para garantir que Clichy não tenha três vezes o desemprego do resto da França?''

Os sindicatos de policiais estão alarmados. Dizem que 14 agentes são feridos por dia e que a polícia enfrenta uma guerrilha urbana nos voláteis subúrbios que cercam a maior parte das grandes cidades francesas.

Vários policiais foram hospitalizados depois de serem agredidos nas últimas semanas. Em vários casos, eles aparentemente foram atraídos para armadilhas por gangues juvenis.

Cerca de 3.000 pessoas foram presas em subúrbios do país por atos de violência urbana nos primeiros nove meses do ano, cerca de 46 por cento deles menores, segundo estatísticas policiais citadas pelo jornal Le Figaro.

Nos primeiros seis meses de 2006, cerca de 21 mil carros foram queimados e houve 2.882 ataques contra policiais, bombeiros e ambulâncias, segundo o serviço de inteligência policial.

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