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Em lugar nenhum os segredos militares são divulgados imediatamente. Mas, em Israel, o silêncio que recobre fatos como o misterioso bombardeio aéreo de quarta-feira contra a Síria reflete uma estratégia mais profunda, relacionada à dissuasão e a uma concessão.

Além da costumeira preocupação em preservar espiões e táticas para um governo atualmente envolvido em um confronto mais grave com o Irã, os israelenses veem essa reticência como uma forma de permitir que os inimigos salvem sua honra, reduzindo assim o risco de represálias e escaladas.

Manter-se em silêncio, evitando assim as acusações de que o país se gaba provocativamente das suas investidas, também facilita a discreta cooperação de Israel com alguns vizinhos muçulmanos – como Turquia e Jordânia –, que do contrário se sentiriam na obrigação de se distanciarem do Estado judeu. Os líderes israelenses veem ainda um benefício doméstico por não alardear seus sucessos, já que isso poderia dar ao público interno – e aos aliados ocidentais – uma fé exagerada na sua capacidade militar.

E, diante das queixas mundiais de que um ataque não-provocado contra uma potência soberana viola o direito internacional, admitir o fato poderia servir só para gerar complicações diplomáticas.

Foi assim em 2007, quando o então primeiro-ministro Ehud Omert impôs o silêncio a sua equipe após um bombardeio a um suposto reator nuclear sírio – uma política de "sem comentários" que continua em vigor, embora até os EUA tenham discutido aquela ação militar israelense e o seu alvo.

Olmert "quis evitar qualquer coisa que pudesse encurralar a Síria e forçar Assad a retaliar", disse em sua autobiografia o então presidente norte-americano, George W. Bush.

Um ex-assessor de Olmert confirmou esse relato, dizendo à Reuters que o premiê também temia pelas estreitas relações militares de Israel com a Turquia, país que teve seu espaço aéreo atravessado por aviões israelenses a caminho da Síria.

Se, na madrugada de quarta-feira, Israel atacou um comboio sírio que levava armas para a guerrilha libanesa Hezbollah, como dizem fontes diplomáticas, ou um centro de pesquisas militares próximo a Damasco, como afirmou o governo sírio, uma lógica semelhante pode levar o governo do premiê Benjamin Netanyahu a se manter em silêncio.

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