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Manifestantes antigoverno marcham em Ancara nesta quarta-feira (5) | Reuters/Umit Bektas
Manifestantes antigoverno marcham em Ancara nesta quarta-feira (5)| Foto: Reuters/Umit Bektas

Uma greve convocada nesta quarta-feira (5) por duas grandes federações sindicais e dois colégios profissionais marca o sexto dia consecutivo de protestos na Turquia, após uma madrugada em que duros contingentes policiais circularam em Ancara, Istambul, Tunceli e Hatay.

Por conta da greve, centenas de milhares de pessoas interrompem hoje suas atividades para fazer com que o governo do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusado de autoritarismo, respeite as exigências dos manifestantes.

A greve foi convocada pela Confederação dos Sindicatos de Trabalhadores Públicos (KESK), a Confederação dos Sindicatos Revolucionários de Trabalhadores (DISK), o Colégio Oficial de Médicos da Turquia (TTB) e a União de Colégios Oficiais de Engenheiros e Arquitetos (TMMOB).

Em declaração conjunta, os agrupamentos exigem ao governo garantias de que preservará a área do parque Gezi em Istambul, onde os protestos começaram após o início de uma remodelação urbanística no local, que seria transformado em uma área comercial.

Os organizadores da greve também defendem o fim do uso de gás pimenta contra os manifestantes, além de investigação contra as ações policiais mais violentas.

Além disso, os grevistas exigem a libertação dos milhares de manifestantes presos e, inclusive, um pedido de desculpas, além de levantar a proibição de manifestações em praças emblemáticas como a Taksim, em Istambul.

Nesta madrugada, grandes contingentes policiais voltaram a enfrentar manifestantes em Ancara, Istambul, Tunceli e Hatay.

Nessa última cidade, na fronteira com a Síria, uma manifestação realizada após o funeral de um jovem, que tinha morrido na última segunda-feira pelo impacto de uma granada de gás lacrimogêneo, foi dispersa pela Polícia com jatos de água e mais bombas de gás.

Segundo a emissora de notícias "CNNTürk", dois policiais e um manifestante foram feridos nos confrontos.

Em Istambul, a Praça Taksim e seus arredores seguiam em um ambiente tranquilo, mas, após a meia-noite local, a polícia voltou a lançar grandes quantidades de gás lacrimogêneo contra mais de mil de pessoas sentadas em uma área verde próxima ao Bósforo.

Um dos manifestantes fez questão de mostrar à Agência Efe o ferimento causado pelo impacto de uma bala de borracha, sofrido durante esta ofensiva policial.

"Todos os dias atendemos a feridos por balas de borracha, embora a maioria dos pacientes seja pela inalação de gás, pelo impacto das granadas de gás ou por ter sido pisoteado durante os confrontos", explicou um voluntário no improvisado centro médico da Praça Taksim.

Confrontos também foram registrados na capital Ancara e em Adana, enquanto vários bairros de outras cidades se somaram ao protesto mediante barulhentas ações.

Em Esmirna, outro centro de fortes protestos populares, a polícia turca deteve 24 pessoas durante o registro de seus domicílios, sob a acusação de encorajar os protestos mediante ao uso de redes sociais, informou hoje a emissora "NTV".

"A Promotoria de Esmirna exerce causa comum com o governo ao pedir a detenção destas pessoas por usar Twitter", denunciou em declarações à Agência Efe Sebil Sevinç, uma advogada de Istambul.

Há poucos dias, Erdogan tinha arremetido contra o uso das redes sociais como "ameaça social", embora a maioria dos altos cargos de seu próprio governo também use o Twitter para tornar públicas suas mensagens políticas.

Neste ambiente de tensão, o vice-primeiro-ministro, Bülent Arinç, que ontem emitiu palavras conciliadoras aos manifestantes, se reunirá hoje, por volta das 5h (de Brasília), com membros da Plataforma Taksim, que coordenou os esforços para salvar o parque da remodelação urbanística.

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