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guerra síria
Uma mulher síria deslocada e sua filha visitam o túmulo de um parente na cidade de Ariha, no norte da província de Idlib, na Síria, em 5 de abril de 2020| Foto: AAREF WATAD/AFP

A Síria do ditador Bashar al-Assad realizou três ataques com armas químicas na cidade de Ltamenah, no norte do país, em apenas uma semana de março de 2017, revelou nesta quarta-feira (8) uma equipe de investigação internacional ligada à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). Mais de 100 pessoas foram afetadas e tiveram problemas de saúde em decorrência dos ataques.

O primeiro deles ocorreu por volta das 6h de 24 de março de 2017, quando um avião militar Su-22, pertencente à Força Aérea da Síria, soltou uma bomba M400 contendo gás sarin no sul de Ltamenah, afetando ao menos 16 pessoas.

No dia seguinte, no meio da tarde, um helicóptero da Força Aérea síria, partindo da base de Hama, deixou cair um cilindro com cloro em um hospital da mesma cidade. O cilindro rompeu o telhado do hospital e liberou o cloro, afetando pelo menos 30 pessoas.

Em 30 de março, de manhã, um novo ataque, semelhante ao primeiro, que atingiu pelo menos 60 pessoas no sul de Ltamenah.

Sarin é um agente nervoso proibido e seu uso é considerado um crime de guerra. Embora o cloro tenha usos legais na indústria e na limpeza, seu uso como arma química também é considerado crime de guerra.

A equipe ligada à Opaq baseou sua investigação em uma série de evidências, incluindo relatos de testemunhas, vídeos, relatórios forenses sobre restos de munições recuperadas, registros médicos e imagens de satélite. O relatório, primeiro publicado até agora, também reconhece que dezenas de ataques com armas químicas, banidas pela Convenção de Armas Químicas desde 1997, ocorreram durante a gurra civil na Síria. Neste momento, porém, os investigadores focaram em apenas três deles.

No decorrer da guerra, Assad negou repetidamente que as forças sírias tenham usado armas químicas contra sua própria população, alegações apoiadas pelos aliados Rússia e Irã.

Porém, o coordenador da investigação, Santiago Oñate-Laborde, disse que "ataques de natureza tão estratégica só teriam ocorrido com base em ordens das autoridades superiores do comando militar da República Árabe da Síria". "Mesmo que a autoridade possa ser delegada, a responsabilidade não pode", concluiu.

Após a publicação do relatório, o diretor-geral da Opaq, Fernando Arias, destacou que a equipe investigativa não tem autoridade para fazer conclusões finais sobre o não cumprimento da Convenção de Armas Químicas. "Agora cabe ao Conselho Executivo e à Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre Armas Químicas, ao secretário-geral das Nações Unidas e à comunidade internacional como um todo adotar qualquer outra ação que julgar apropriada e necessária".

Em um comunicado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos instou que outras nações se juntem a eles para fazer com que o regime sírio seja responsabilizado pelo uso de armas químicas. "O uso não controlado de armas químicas por qualquer Estado apresenta uma ameaça inaceitável à segurança de todos os Estados e não pode ocorrer impunemente", declarou Mike Pompeo, secretário da pasta.

Os EUA afirmam ainda que as forças armadas sírias também têm uma variedade de munições com capacidade química - incluindo granadas, bombas aéreas e munições improvisadas - que podem ser usadas sem nenhum aviso. "Os Estados Unidos condenam o uso de armas químicas e exigem que a República Árabe da Síria interrompa imediatamente todo o desenvolvimento, armazenamento e uso de armas químicas".

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