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Crianças refugiadas que escaparam da violência na Síria para a cidade de Al Ramtha, na Jordânia, perto da fronteira | Majed Jaber/Reuters
Crianças refugiadas que escaparam da violência na Síria para a cidade de Al Ramtha, na Jordânia, perto da fronteira| Foto: Majed Jaber/Reuters

Em meio a uma escalada de violência dias antes do prazo final para um cessar-fogo na Síria, o governo de Bashar Assad condicionou a retirada de tropas a uma garantia escrita por parte dos rebeldes para o fim da violência.

"Dizer que a Síria vai retirar suas forças [armadas] das cidades em 10 de abril é inexato, [o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU)] Kofi Annan não apresentou ainda garantias por escrito de que os grupos terroristas armados vão deter qualquer forma de violência", afirmou o ministério sírio de Relações Exteriores em um comunicado.

O anúncio de ontem põe em dúvida as intenções do regime de cumprir o acordo feito com a ONU para o cessar-fogo nesta semana.

Em comunicado divulgado pela televisão síria, o porta-voz da Chancelaria, Jihad Maqdisi, exigiu também o compromisso por parte do Catar, Arábia Saudita e Turquia para que cortem o financiamento aos opositores do regime.

"A Síria não vai repetir o que aconteceu durante a missão [da Liga Árabe] quando se comprometeu a retirar as tropas das cidades e então os grupos terroristas se aproveitaram para armar seus integrantes e fazer todas as formas de terrorismo", afirmou Maqdisi.

A Liga Árabe enviou no fim de dezembro observadores que deviam supervisionar a aplicação de outro plano de saída da crise, mas tiveram que se limitar a observar um recrudescimento da violência.

O comandante do exército rebelde, Riad al-Asaad, afirmou que está disposto a obedecer o plano proposto por Annan, mas se negou a cumprir a exigência proposta pelo governo. "O exército não reconhece o regime e, por isso, não vamos dar garantias", afirmou de sua base, na Turquia.

Desde que o governo de Assad firmou acordo para a retirada das tropas do regime das ruas, na semana passada, a Síria enfrenta uma escada de violência que se intensificou nos últimos dias. No sábado, mais de cem pessoas morreram nos confrontos pelo país.

Responsável por costurar o acordo de cessar-fogo com o regime sírio, o enviado da ONU declarou ontem estar "horrorizado" com o aumento da violência no país e cobrou do regime o cumprimento dos compromissos.

A avaliação de Annan segue a declaração do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Na sexta-feira, o chefe do organismo afirmou que os novos ataques na Síria representavam uma violação às exigências do Conselho de Segurança da ONU.

Em Roma, o Papa Bento XVI pediu ontem que "cesse o derramamento de sangue" na Síria onde, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, morreram mais de 10 mil pessoas desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011.

"Que na Síria cesse o derramamento de sangue e se empreenda sem demora a via do respeito, do diálogo e da reconciliação, como auspicia também a comunidade internacional", clamou o Papa durante sua mensagem urbi et orbi ("à cidade e ao mundo"), pronunciada do balcão da Basílica de São Pedro.

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