O governo malaio supôs "sem sombra de dúvida" – uma maneira estranha de usar a expressão – que o voo MH370 caiu no mar sem deixar sobreviventes. Isso foi no último dia 24.

CARREGANDO :)

Numa notícia dada ontem pelas agências internacionais, "o chefe de polícia malaio Khalid Abu Bakar alertou que a investigação pode nunca fornecer respostas sobre como o avião da Malaysia Airlines desapareceu".

Na cobertura da história, a audiência da CNN aumentou como não se via há tempos e o esforço de manter o assunto em pé gerou constrangimentos. Um analista passou mais de 20 minutos sugerindo a possibilidade de um meteoro ter derrubado o avião. E outros 20 destruindo a mesma possibilidade.

Publicidade

"Mistério é mistério até que seja desvendado", disse o escritor Ivan Sant’Anna (de livros sobre desastres aéreos como Plano de Ataque e Caixa Preta) para o jornalista Anderson Gonçalves, numa entrevista publicada pela Gazeta.

Mas... e se o mistério persistir?

Acontece que o ser humano não é programado para aceitar mistérios. Ele é programado para resolvê-los. Como quase todas as teorias científicas que explicam a mulher e o homem, essa também tem a ver com nossos ancestrais (e com o fato de procurarem meios de sobreviver).

Neurologistas explicam que mesmo as funções cognitivas mais básicas são como quebra-cabeças para o cérebro. Resolvemos problemas o tempo inteiro e topar com um irresolvível deve ter seu encanto – ao menos para os curiosos.

Se ninguém nunca explicar o que ocorreu com o voo 370 da Malaysia Airlines, a alternativa não é fácil: aceitar que ele desapareceu sem deixar vestígios e conviver com o mistério.

Publicidade

Irinêo Baptista Netto, editor de Mundo.