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Ruas da Cidadania e supermercados passam a coletar doações

Os curitibanos que querem fazer doações para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti têm novas opções para levar os donativos. Além da campanha do governo do estado iniciada na segunda-feira (18), a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba também lançou uma campanha de arrecadação de doações. Os alimentos podem ser levados para as Ruas da Cidadania e na sede da Guarda Municipal, na Rua Presidente Faria, 451, no Centro

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      Um dos grandes problemas para a população do Haiti, após o terremoto de 7 graus na escala Richter do último dia 12, é encontrar um lugar para dormir. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, 1 milhão de pessoas - um em cada nove habitantes do país - precisa de abrigo. A questão é que não há barracas nem prédios desocupados seguros para abrigá-las.

      Pode levar semanas até que os especialistas busquem locais adequados para a instalação de acampamentos para o refugiados, revelou no domingo a Organização Internacional para Migração, uma agência intergovernamental. "Nós também precisamos de barracas. Há falta de barracas", disse Vincent Houver, o chefe da missão no Haiti da agência sediada em Genebra.

      Houver disse que o depósito da agência em Porto Príncipe tem 10 mil barracas do tamanho família, mas ele estima que 100 mil sejam necessárias. A organização fez um apelo para arrecadar os US$ 30 milhões necessários para a compra das barracas e outras necessidades, mas até agora recebeu dois terços desse valor, disse ele.

      O governo do Haiti estima que 700 mil pessoas estejam se abrigando sob lençóis, placas de madeixa ou plásticos em áreas abertas de Porto Príncipe, cidade de 2 milhões de habitantes.

      Funcionários estimam que cerca de 235 mil aproveitaram a oferta de transporte gratuito para deixar a cidade e que muitos outros partiram por conta própria, alguns a pé. Estima-se que entre 50 mil e 100 mil retornaram para a região ao redor da cidade costeira de Gonaives, norte do país, cidade abandonada por muitas pessoas após duas enchentes devastadoras em seis anos.

      Mortos

      Mais de 150 mil vítimas do terremoto foram enterradas pelo governo, disse uma funcionária neste domingo, mas a contagem não inclui os corpos que ainda estão sob os escombros e os enterrados ou cremados por parente ou ainda os mortos em áreas remotas. "Ninguém sabe quantos corpos estão sob os escombros", disse a ministra de Comunicações Marie-Laurence Jocelyn Lassegue

      Marie-Laurence disse que os números do governo sobre os enterrados são referentes apenas à área da capital e são baseados em dados da CNE, a empresa estatal que está coletando os corpos e os enterrando no norte de Porto Príncipe. Esse número tende a confirmar a estimativa de 200 mil mortos divulgada na semana passada pela Comissão Europeia, citando fontes do governo haitiano.

      Até esta segunda-feira, a ONU relatou pelo menos 112.250 mortes confirmadas, com base nos corpos recuperados.

      O número final certamente vai colocar o terremoto do Haiti entre as mais mortíferas catástrofes naturais dos últimos tempos, que incluem o ciclone em Bangladesh em 1970, que teria matado 300 mil pessoas; o terremoto no nordeste da China em 1974, que matou pelo menos 242 mil; e o tsunami no Oceano Índico em 2004, com 226 mil mortos.

      Ajuda

      A entrega de comida chegou a 500 mil pessoas pelos pelo menos uma vez, segundo um relatório da ONU divulgado no domingo, mas 2 milhões de pessoas ainda precisam receber ajuda.

      Representantes de vários países do mundo reúnem-se hoje em Montreal, no Canadá, para discutir formas de melhor coordenar a ajuda ao Haiti.

      Vários países prometeram um total de US$ 1 bilhão em ajuda emergencial para o Haiti. Organizadores do programa "Hope for Haiti Now", que foi ao ar na noite de sexta-feira, informaram ter arrecadado US$ 57 milhões, mas as doações continuam.

      Além da ajuda imediata

      O primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, e outras autoridades começam a planejar formas de passar da ajuda humanitária imediata para a reconstrução de longo prazo do país caribenho.

      A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, o chanceler Celso Amorim e o francês, Bernard Kouchner, e outros irão examinar um provável perdão da dívida haitiana e uma estratégia de reconstrução do país mais pobre das Américas.

      "Estamos todos vendo a terrível situação no nosso país, e a tarefa à sua frente é inimaginável", disse Harper a Bellerive em Ottawa no domingo à tarde. A conferência de segunda-feira, em Montreal, vai durar o dia inteiro.

      "Então vocês não estão sozinhos. Estaremos trabalhando juntos na conferência amanhã e nas próximas semanas, meses e anos para reconstruir o seu país."

      Bellerive está sob forte pressão no Haiti para acelerar o auxílio imediato, e admitiu a frustração popular, já que muita gente perdeu casa, parentes e todos os bens.

      "Estou extremamente impressionado como primeiro-ministro pela resistência do povo. Você ouve falar muito da violência, mas isso não é verdade no Haiti", disse Harper. "As pessoas estão esperando com bastante frustração, claramente, mas com bastante paciência."

      O chanceler canadense, Lawrence Cannon, disse a jornalistas que deve ser discutido um perdão à dívida haitiana, estimada por grupos humanitários em pouco mais de 1 bilhão de dólares.

      "Acho que é certamente algo que será considerado entre as diferentes opções disponíveis", afirmou, acrescentando que seria "um pouco prematuro" decidir isso já nesta conferência, focada, segundo ele, em criar uma espécie de mapa para a ajuda ao país.

      Antes do terremoto, o FMI, o Banco Mundial e vários países credores já haviam perdoado grande parte da dívida haitiana, dada a situação de penúria do país.

      O Clube de Paris, que reúne países credores, disse nesta semana que vai acelerar o processo do perdão da dívida e pediu a Taiwan e Venezuela, dois grandes credores do Haiti que não são parte do Clube, que façam o mesmo.

      A República Dominicana, único país com fronteira terrestre com o Haiti, propôs na segunda-feira passada aos doadores a criação de um programa de assistência de 10 bilhões de dólares ao longo de cinco anos.

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