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Strauss-Kahn concende entrevista | EFE
Strauss-Kahn concende entrevista| Foto: EFE

Quatro meses após sua detenção, de volta a seu país e livre de acusações por suposta agressão sexual, o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, confessou neste domingo (18) ter cometido um "falha moral" e sugeriu que pode ter sido vítima de um complô ou armadilha.

Entrevistado por um canal da televisão francesa em hora de grande audiência, um Strauss-Kahn sério e com traje escuro enfrentou pela primeira vez a opinião pública de seu país, para explicar o que aconteceu no dia 14 de maio na suíte de um hotel de Nova York, quando uma camareira o acusou de agressão sexual.

O caso lhe custou o cargo de diretor-gerente do FMI e acabou com suas aspirações de se transformar no próximo presidente da França.

"O que aconteceu não foi nem violência, nem coação, nem agressão", disse o político socialista, que lembrou que já não existem acusações penais contra ele nos Estados Unidos.

Quando perguntado se poderia ter sido objeto de uma armadilha no hotel nova-iorquino, Strauss-Kahn admitiu: "é possível".

"Tive medo, muito medo", afirmou sobre os métodos empregados pelas autoridades americanas durante sua detenção, e pelo tratamento a que foi submetido naquele país.

O político reconheceu que a "falha moral" que admite ter cometido lhe defronta com sua família e com os franceses, e confirmou que não será candidato às eleições presidenciais no próximo ano.

Strauss-Kahn classificou a relação que manteve com a camareira como "inadequada" e disse que pretende tirar um tempo para decidir o que fará no futuro.

"Não sou candidato a nada e nestas condições o que vou fazer é descansar, encontrar com os meus familiares. Vou tomar um tempo para refletir, mas toda minha vida esteve dedicada a tentar ser útil ao bem público, e veremos", acrescentou no que parece não ser um adeus definitivo à vida pública.

"Não acho que seja meu papel me intrometer nas primárias", declarou a respeito do processo de escolha do candidato lançado pelo Partido Socialista (PS).

Strauss-Kahn afirmou que, ao contrário do que diziam algumas pessoas próximas a seu partido, uma pesquisa publicada na imprensa revelou que apenas uma minoria dos franceses se interessava em saber sobre o que aconteceu no quarto de hotel entre o político e a camareira.

"Toda esta história é uma mentira", insistiu Strauss-Kahn, e relembrou que todas as acusações contra ele foram retiradas nos Estados Unidos.

O político acrescentou que não pretende negociar no processo civil que foi aberto contra ele pelos advogados da camareira Naffissatou Diallo, que duvidaram do caráter incisivo da entrevista, já que a entrevistadora, Claire Chazal, é amiga de Anne Sinclair, a esposa de Strauss-Kahn.

Sobre outro caso que lhe espera na França, a acusação da jornalista Tristane Banon sobre uma suposta tentativa de agressão sexual, Strauss-Kahn afirmou que a versão da mulher é "imaginativa".

"Não houve nenhum ato de agressão, nenhuma violência, não direi mais". O político afirmou ter respeito pelas mulheres e confessou ter deixado para trás uma certa "ligeireza" que tinha nas relações com o sexo oposto.

No lado de fora dos estúdios onde Strauss-Kahn fazia suas declarações, cerca de 50 mulheres protestavam contra o ex-diretor do FMI.

Crise grega

O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, defendeu neste domingo (18) o perdão da dívida da Grécia, e reprovou a atitude dos dirigentes europeus que, segundo ele, "não medem a magnitude da crise que afeta toda a zona do euro".

Interrogado pela televisão francesa TF1 sobre a ideia de perdoar a dívida, Strauss-Kahn afirmou: "essa é a ideia".

"Vemos que a dívida é massiva e que temos que reduzi-la a qualquer preço, menos ao preço da recessão" afirmou.

Strauss-Kahn reprovou a atitude dos dirigentes da zona do euro. "Eles postergam o problema ao condicionar seus empréstimos à Atenas a exigências draconianas em termos de austeridade", disse.

"A bola de neve cresce, e a dificuldade é cada vez maior, e o crescimento está cada vez menos presente", analisou.

Dominique Strauss-Kahn também criticou a lentidão dos europeus em aplicar suas decisões, referindo-se ao acordo adotado em 21 de julho sobre um novo plano de resgate para Grécia de 160 bilhões de euros.

"O tempo da economia é mais rápido que o tempo da política", disse.

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