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Milhares de sunitas fizeram manifestações na terça-feira no Iraque para demonstrar sua tristeza e irritação com o enforcamento de Saddam Hussein. O governo prometeu investigar o vídeo feito ilegalmente em que funcionários xiitas aparecem humilhando o ex-ditador.

O promotor Munkith Al Faroon, que no vídeo da Internet é ouvido pedindo ordem, disse que ameaçou deixar a sala caso as humilhações contra Saddam não parassem, o que obrigaria à suspensão da execução.

Ele afirmou que as imagens foram gravadas por dois altos funcionários do governo iraquiano, que o promotor não identificou. O governo insiste que guardas fizeram as imagens clandestinamente.

Segundo o promotor, tropas dos EUA revistaram todos os que entraram no local da execução. ``Não sei como entraram com os celulares, porque os americanos tiraram todos os nossos telefones, até o meu, que não tem câmera.''

No vídeo, amplamente divulgado pela Internet, observadores entoam o nome do clérigo xiita Moqtada Al Sadr, enquanto Saddam tem a corda colocada em seu pescoço - condenado por homicídio em massa, parecia dignificado em contraste com o alarido abaixo de si.

Mas o funcionário do governo que na segunda-feira anunciou um inquérito sobre a filmagem e as humilhações acusou a oposição de usar o fato para desviar a atenção dos crimes de Saddam.

``É um barulho artificial'', disse Sami Al Askari à TV pública. ``Não podem dizer que esta corte foi injusta, então pegam esse erro e esquecem que Saddam mereceu ser executado'', disse ele. ``Saddam foi bem tratado na corte e no cadafalso. Ninguém bateu nele ou o insultou, embora Saddam tenha torturado muitos iraquianos, executado milhares e os enterrando em valas comuns.''

No dia em que o Ministério do Interior divulgou dados dando conta da morte de 1.930 civis devido à violência política em dezembro - um recorde -, outros 45 corpos foram achados em Bagdá, segundo a polícia, a maioria aparentemente vítima dos esquadrões da morte que vêm esfacelando a sociedade iraquiana.

O túmulo de Saddam em Awja, sua aldeia natal, atraiu milhares de simpatizantes na terça-feira, como vem ocorrendo diariamente desde o enterro, na calada da noite de sábado para domingo.

Na vizinha Tikrit, uma passeata reuniu milhares de pessoas, e em Mosul, centenas saíram às ruas levando fotos de Saddam e cartazes referindo-se a ele como mártir e herói. Em Samarra, sunitas rezaram numa mesquita venerada principalmente por xiitas e que foi destruída por uma explosão em fevereiro, desencadeando a atual onda de violência sectária. Bairros sunitas de Bagdá e outras cidades têm manifestações semelhantes desde sábado.

Em entrevista publicada na terça-feira pelo Wall Street Journal, o primeiro-ministro Nuri Al Maliki disse que não aceitaria um eventual segundo mandato, e que gostaria mesmo que o atual fosse prematuramente encerrado. ``Eu gostaria de servir meu povo de fora do círculo de altas autoridades, talvez por meio do Parlamento, ou trabalhando diretamente com as pessoas'', afirmou.

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