Eleitores votam na Superterça de 2020, no estado da Virgínia| Foto: Olivier DOULIERY/AFP
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A Superterça é como se fosse uma espécie de eleição primária de nível nacional nos Estados Unidos. Ela recebeu esse nome por ser a data em que prévias presidenciais dos partidos democrata e republicano ocorrem simultaneamente em vários estados.

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Em 3 de março deste ano, a Superterça está sendo realizada em 14 estados (Alabama, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia) e na Samoa Americana. Esse número, porém, varia ao longo dos anos.

Apresentamos a seguir quatro pontos-chave para entender como a Superterça influencia a corrida presidencial.

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1. Referências

O New York Times usou o termo pela primeira vez durante as disputas presidenciais de 1976.

Naquele ano, seis primárias foram realizadas simultaneamente em 25 de maio, de acordo com o Centro Nacional de Constituição. Foi o dia em que o presidente Gerald Ford e seu adversário, o ex-governador da Califórnia Ronald Reagan, conquistaram três estados cada na luta pela indicação republicana. A corrida democrata estava pulverizada. Eventualmente, Ford e o ex-governador da Geórgia Jimmy Carter ganharam as indicações dos republicanos e democratas, respectivamente.

Em 1980, uma Superterça ocorreu quando Alabama, Flórida e Geórgia realizaram primárias em 11 de março. "Quando três estados do sul se uniram em 1980, isso ajudou Jimmy Carter a derrotar o senador Ted Kennedy", disse o historiador Craig Shirley, cujo livro mais recente é "Mary Ball Washington: a história não contada da mãe de George Washington".

O termo Superterça também foi usado para descrever a última terça-feira de junho, quando houve prévias em oito estados onde Kennedy tentou, sem sucesso, sair vencedor.

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Naquele ano, Reagan venceu um campo republicano lotado para ganhar a indicação do Partido Republicano para enfrentar Carter, que evitou um desafio de Kennedy para a indicação do Partido Democrata.

Em 1984, o termo foi usado quando nove estados - Alabama, Flórida, Geórgia, Havaí, Massachusetts, Nevada, Oklahoma, Rhode Island, Washington - realizaram as primárias na disputa de nomeação democrata.

O ex-vice-presidente Walter Mondale acabou ganhando a indicação dos democratas naquele ano antes de perder 49 estados para Reagan nas eleições presidenciais de novembro.

2. Formalização da Superterça

Os governadores e dirigentes democratas do sul do país organizaram a Superterça como conhecemos atualmente em 1988 para evitar uma repetição de 1972 e 1984, quando o partido nomeou candidatos liberais que perderam em 49 estados.

"Os democratas do sul não queriam outro George McGovern, então, para tentar garantir um candidato mais centrista, eles se uniram para ter primárias nos estados do sul no mesmo dia", disse Shirley, referindo-se à derrota do candidato democrata McGovern para Richard Nixon nas eleições de 1972.

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Em 1988, o então senador Chuck Robb disse que a Superterça havia sido projetada para reduzir a "síndrome de Iowa", em relação à ênfase excessiva dos candidatos nos caucuses deste estado. Em 8 de março daquele ano, 20 estados - 12 deles no sul - realizaram suas primárias: Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Havaí, Idaho, Kentucky, Louisiana, Maryland, Massachusetts, Mississippi, Missouri, Nevada, Carolina do Norte, Oklahoma , Rhode Island, Tennessee, Texas, Virgínia e Washington.

3. Quando a Superterça foi decisiva

Eventualmente, vários estados de todo o país aderiram à Superterça, tanto que ela não é mais um evento regional.

"Agora é apenas uma grande bagunça, com Califórnia e Minnesota, sem nenhuma harmonia ideológica ou caráter regional", disse o escritor Shirley.

A primeira Superterça de 1988 foi fundamental para ajudar o ex-vice-presidente George H.W. Bush a interromper a boa onda que vinha surfando o senador Bob Dole, do Kansas, após ter vencido o caucus de Iowa. Bush acabou ganhando do democrata Dukakis nas eleições de novembro.

"Em 1988, a Superterça foi definitiva para republicanos e democratas", disse Shirley.

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Demorou quatro anos, mas na Superterça de 11 de março de 1992 os democratas conseguiram nomear um democrata do sul mais moderado. Foi neste ano em que o governador do Arkansas Bill Clinton ganhou nos estados do sul na Superterça. Clinton acabou derrotando Bush, que concorria à reeleição, em novembro.

Isso ocorreu depois que Clinton se tornou um dos poucos candidato a ser nomeado mesmo após ter perdido nos dois primeiros estados a realizar as prévias, Iowa e New Hampshire. Naquele ano, apenas 11 estados fizeram parte da Superterça, incluindo alguns fora do sul: Delaware, Flórida, Havaí, Louisiana, Massachusetts, Mississippi, Missouri, Oklahoma, Rhode Island, Tennessee e Texas.

Nas eleições seguintes, em 1996, Bob Dole, enfrentando vários adversários nas prévias republicanas, ganhou em todos os sete estados da Superterça, forçando a maioria dos outros candidatos republicanos a desistir. Mas em novembro, Dole acabou perdendo para o democrata Bill Clinton nas eleições presidenciais.

Em 2000, o governador do Texas, George W. Bush, interrompeu qualquer esperança remanescente do senador John McCain, do Arizona, em ganhar a indicação do Partido Republicano. Bush venceu a Superterça na Califórnia, Nova York, Connecticut, Geórgia, Havaí, Idaho, Maine, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Missouri, Dakota do Norte, Ohio, Rhode Island, Vermont e Washington.

Gore, o eventual candidato democrata, também venceu esses estados, e o ex-senador Bill Bradley, de Nova Jersey, desistiu depois de não vencer uma única primária na Superterça.

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O ano de 2004 viu uma mini-superterça com apenas cinco estados, em 3 de fevereiro, seguida por uma Superterça II em 2 de março, com 10 estados participantes.

O senador democrata John Kerry, de Massachusetts, venceu todos, exceto Oklahoma, em 3 de fevereiro e todos, exceto Vermont, em 2 de março, garantindo a indicação dos democratas. Ele perdeu para Bush nas eleições presidenciais.

4. Decisões apertadas na Superterça

Em prévias mais recentes, desde 2008, os candidatos presidenciais que continuaram na corrida pela nomeação depois da Superterça têm enfrentado caminhos mais difíceis.

Em 2008, McCain, disputando a indicação republicana, venceu 9 dos 21 estados na Superterça. No entanto, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney conquistou sete estados naquela noite e o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, ganhou em cinco. Assim, as primárias republicanas continuaram.

Já os democratas viram uma disputa muito mais longa entre a senadora Hillary Clinton e o senador Barack Obama naquele ano, quando os democratas tiveram 23 prévias em 5 de fevereiro. Clinton conquistou 10 estados e Obama levou 13 - e acabou derrotando McCain nas eleições gerais.

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Em 2012, Romney entrou na corrida de nomeação republicana com as melhores chances, mas não conseguiu emplacar sua campanha nem na Superterça. Ele venceu em seis dos 10 estados em 6 de março, perdendo três para o ex-senador Rick Santorum da Pensilvânia e um para o ex-presidente da Câmara Newt Gingrich, da Geórgia.

Em 2016, republicanos e democratas continuaram suas campanhas primárias após a Superterça, quando nenhum candidato ganhou a maioria dos delegados para a convenção. Mas o resultado que se viu na data especial já indicava para onde estava indo a batalha de nomeação. Na Superterça de 1º de março, o empresário de Nova York Donald Trump conquistou sete estados, o senador Ted Cruz do Texas venceu três e o senador Marco Rubio, da Flórida, ganhou um. Na disputa democrata, Hillary Clinton conquistou oito estados, enquanto o senador Bernie Sanders ganhou em quatro.

© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.