Um espanhol que está sendo julgado por vender explosivos aos islamitas que executaram os ataques a bomba nos trens de Madri em 2004 rejeitou na quarta-feira as insinuações de que tivesse trabalhado com os separatistas bascos do ETA.

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Quando as bombas explodiram, no dia 11 de março de 2004, matando 191 pessoas, o governo conservador inicialmente atribuiu a autoria do ataque a guerrilheiros do ETA.

Três anos depois, alguns grupos da direita ainda tentam fazer essa ligação, embora a promotoria já tenha dito que não há evidências de relação entre o ETA e os ataques.

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A promotora Olga Sanchez disse que os ataques foram inspirados pela Al Qaeda, mas não ordenados diretamente pela organização.

Ela pede que José Emilio Suarez Trashorras, um ex-mineiro, seja condenado a 38.670 anos de prisão por colaborar com um grupo terrorista e por tráfico de explosivos.

``Não tenho nenhum relacionamento com o ETA. São boatos que as pessoas espalham'', disse Trashorras ao tribunal.

A Espanha está profundamente dividida sobre a possível participação do ETA nos ataques de 2004. Logo depois das explosões, as evidências rapidamente indicaram que os responsáveis eram islamitas, e não o ETA. Surgiu então uma gravação em vídeo reclamando a autoria para a Al Qaeda e afirmando que a ação era uma retaliação ao apoio da Espanha aos Estados Unidos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Os espanhóis voltaram-se contra os conservadores pró-EUA e derrubaram o governo na eleição que aconteceu três dias depois dos ataques. O novo governo socialista cumpriu a promessa de retirar os soldados espanhóis do Iraque.

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Os promotores dizem que Trashorras conseguiu que a dinamite fosse roubada de minas na região de Astúrias, no norte do país, e transferida para os autores do ataque, muitas vezes em troca de drogas. Ele nega.

No mês passado, Trashorras foi condenado por tráfego de explosivos em outro caso, de 2001. Ele recorreu da sentença.

O réu disse que conhecia Jamal Ahmidan, suspeito de ser um dos principais executores do ataque, mas que eles fizeram negócios só com haxixe. Ahmidan, conhecido como o ``chinês'', foi um dos sete suspeitos que morreram numa outra explosão, desta vez suicida, semanas depois dos ataques.

``Ahmidan era bem ocidental. Ele não tinha nada a ver com o Islã. Nunca o vi rezar, não sei se ele ia à mesquita'', disse Trashorras.

O tribunal deve terminar de interrogar os 29 réus do caso na quinta-feira, encerrando a primeira fase do julgamento.

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