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Arquivo: Policiais de Portland prendem um manifestante depois de dispersar uma multidão de cerca de 200 pessoas em frente a uma delegacia em Portland, em 1º de agosto de 2020| Foto: Nathan Howard/Getty Images/AFP

Mesmo com a saída das tropas federais americanas, os tumultos em Portland, no Oregon, continuam. E chegaram a um ponto em que nem mesmo o prefeito democrata Ted Wheeler, que discursou em uma noite de protestos defendendo o Black Lives Matter, se encoraja a defender.

Na noite de quarta-feira (5), manifestantes tentaram colocar fogo em uma delegacia de polícia da cidade ao mesmo tempo em que bloqueavam as saídas do local, onde naquele momento trabalhavam mais de 20 policiais e civis. No dia seguinte, Wheeler condenou a ação e disse se tratar de uma "tentativa de assassinato".

"Quando você comete um incêndio criminoso com um acelerantes [de combustão] na tentativa de incendiar um prédio ocupado por pessoas que você intencionalmente aprisionou, você não está protestando, está tentando cometer assassinato", disse Wheeler em entrevista coletiva com o novo chefe de polícia de Portland, Chuck Lovell.

"Não pense por um momento que, se você está participando desta ação, não está sendo um apoio para a campanha de reeleição de Donald Trump - porque você absolutamente está", continuou Wheeler, direcionando seu comentário aos manifestantes. "Você está criando o filme que será usado em anúncios em todo o país para ajudar Donald Trump durante esta campanha. Se você não quiser fazer parte disso, não apareça aqui [na área da delegacia]".

Depois que os agentes federais deixaram a cidade, protestos com centenas de pessoas passaram a se concentrar na delegacia leste de Portland. Na noite de quarta, os manifestantes também pintaram com spray as câmeras de segurança da delegacia e um caminhão tentou atropelar policiais, segundo informações dos oficiais. Gás lacrimogêneo foi usado para dispersá-los.

"Acredito que os funcionários da cidade poderiam ter morrido na noite passada", disse Wheeler. "Eu não posso e não vou tolerar isso. Isso não é protesto pacífico. Isso não é defesa para fazer avançar as reformas".

Mas os pedidos do prefeito não foram atendidos. Na mesma noite, tumultos voltaram a acontecer na cidade. Um policial ficou ferido e idosos da comunidade que tentaram impedir atos de vandalismo foram obstruídos ou confrontados pelos manifestantes. Estrepes foram colocados do lado de fora da delegacia para furar pneus de viaturas. Várias pessoas foram presas, inclusive uma que estava armada.

Ao contrário de outras cidades americanas onde os protestos antirracismo pela morte do afro-americano George Floyd perderam força, Portland viu um aumento de confrontos no início de julho, depois que a Casa Branca anunciou o envio de agentes federais para defender o patrimônio público federal. Por várias noites seguidas houve enfrentamento entre as tropas do Departamento de Segurança Interna dos EUA e os manifestantes em frente a um tribunal federal no centro da cidade.

Wheeler se posicionou contra o envio dos agentes para sua cidade e disse que a culpa dos tumultos e da violência era do presidente Donald Trump. A governadora do Oregon, a democrata Kate Brown, também disse ser contra a presença das tropas federais na cidade e em 29 de julho fechou um acordo com a Casa Branca para a retirada deles da cidade, prometendo aumentar a presença policial em Portland.

Mas uma semana depois, tumultos continuam acontecendo – agora em outros pontos da cidade e com a polícia estadual do Oregon na linha de frente. Os manifestantes defendem o fim do financiamento à polícia e, segundo uma lista de reivindicações apresentada no mês passado, também exigem a renúncia de Ted Wheeler.

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