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 Três fatos, em pouco menos de um mês, mostram que as velhas histórias de agentes secretos, clássicas da Guerra Fria, não estão mortas. Uma russa, que trabalhava na embaixada dos EUA em Moscou, foi pega passando informações para o FSB, a agência de inteligência que substituiu a famosa KGB. 

Em outro caso, Maria Butina, uma universitária russa, foi presa nos Estados Unidos acusada de ter conspirado para estabelecer um canal de apoio entre russos e políticos norte-americanos durante o último períodoeleitoral e operar como uma agente não registrada da Rússia nos EUA. 

E, no episódio que Donald Trump classifica como uma “caça às bruxas”, 12 agentes de inteligência russos, sob a acusação de promoverem um ataque hacker aos computadores do Partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton, durante as eleições presidenciais de 2016. 

Segundo Anne Applebaum, colunista do Washington Post, por trás de ações como a de Maria Butina, estaria um projeto de longo prazo. “É um golpe de estado cleptocrático. O projeto moderno do Kremlin procura minar as democracias ocidentais, romper a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e colocar relações corruptas, e não o Estado de Direito, no centro do comércio internacional. 

A história da suposta espiã russa na embaixada americana

Uma russa que trabalhou por 16 anos na Embaixada dos EUA em Moscou foi demitida em 2017, depois que foi descoberta mantendo contatos secretos incomuns com agentes de inteligência russos. A mulher trabalhava como investigadora local no escritório do Serviço Secreto dos EUA. 

O escritório de segurança do Departamento de Estado descobriu que a mulher mantinha reuniões regulares e não autorizadas como o FSB, o serviço de inteligência russo. “Ela estava dando mais informação do que deveria ter”, disse um funcionário americano de alto escalão à CNN. 

Não está claro se as reuniões com FSB causaram qualquer dano à segurança nacional americana. Uma porta-voz do Serviço Secreto confirmou que a russa perdeu o cargo após procedimentos de segurança. A declaração enfatizava que ela nunca tinha sido colocada em posição para obter informações secretas ou confidenciais. 

Mas pessoas com conhecimento da demissão disseram que o Serviço Secreto falhou em fazer uma avaliação completa dos possíveis danos relacionados às informações que acessou e pode ter compartilhado ao longo dos 16 anos. 

A mulher teve acesso ao sistema oficial de e-mails do Serviço Secreto, segundo uma das pessoas familiarizadas com a demissão. Neste sistema, os agentes compartilham informações restritas, mas não confidenciais, sobre os planos para as viagens presidenciais e a agenda desta. 

Ela também atuou como uma ligação entre a polícia russa e o Serviço Secreto. Ex-funcionários da embaixada disseram que ela tinha acesso a informações sobre investigações sobre fraudes financeiras e cibercrimes. 

A estudante, apoiada pelo Kremlin, que se infiltrou na política dos EUA

No mesmo dia em que Vladimir Putin se encontrava com Donald Trump, em Helsinque (Finlândia), autoridades federais americanas anunciaram que tinham prendido uma mulher russa acusada de conspirar para se infiltrar em organizações políticas americanas, entre elas um grupo de defesa das armas, sob orientação de um funcionário de alto escalão do Kremlin. E teria trocado sexo por influência.

Maria Butina, estudante da American University, foi acusada de ser uma agente oculta a serviço do Kremlin. Ela trabalhou ao lado de Alexander Torshin, vice-presidente do BC russo, para influenciar importantes políticos americanos e desenvolver relações com organizações políticas entre 2015 e 2017. 

Ela disse, em audiência do Comitê de Inteligência do Senado, que também recebeu apoio de Konstantin Nikolaev, um bilionário russo com investimentos em empresas de energia e tecnologia dos EUA, segundo uma pessoa a par do testemunho que ela deu aos investigadores do Senado. Nikolaev é investidor na American Ethane, uma das empresas que foi beneficiada com contratos bilionários com a China e que foi assinado durante a visita de Trump ao país asiático, em novembro. 

Ela enfrenta acusações de ter conspirado ilegalmente para estabelecer um canal de apoio entre russos e políticos norte-americanos durante o último ciclo eleitoral e operar como uma agente não registrada da Rússia nos EUA. 

Os agentes russos que tentaram interferir nas eleições americanas de 2016

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos denunciou, no dia 13, 12 agentes de inteligência russos, sob a acusação de promoverem um ataque hacker aos computadores do Partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton, durante as eleições presidenciais de 2016. 

A justificativa é de que eles trabalham para o GRU, o departamento de inteligência militar do governo de Vladimir Putin, e tinham por objetivo interferir nas eleições americanas. A Rússia nega ter atuado nesse sentido. 

Os russos chegaram, sem sucesso, a tentar invadir os sistemas dos órgãos eleitorais que comandam a votação nos estados americanos. Em um deles, os russos conseguiram roubar nomes, endereços, data de nascimento e número de documento de 500 mil eleitores. 

A equipe do promotor Robert Mueller vem acompanhando o caso desde maio de 2017 e está irritando Trump. No dia 1°, em um tuite, o presidente americano disse que o secretário de Justiça, Jeff Sessions, deveria parar as investigações sobre a interferência russa nas eleições. E, reiteradamente, vem classificando os trabalhos da promotoria como uma “caça às bruxas.” 

Ao todo, já foram apresentadas denúncias contra 32 pessoas, por crimes como lavagem de dinheiro e mentir para o FBI. Vinte e seis dos acusados são russos. Estes, provavelmente, nunca serão levados a julgamento.

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