Policiais das tropas de choque fortemente armados rechaçaram neste sábado a tentativa dos nacionalistas russos de realizarem uma passeata que havia sido proibida em Moscou, prendendo dezenas de pessoas.

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Líderes de extrema direita convocaram a "Marcha Russa'' na capital e em outras grandes cidades no feriado de Dia da Unidade Nacional, neste sábado, para protestar contra a imigração ilegal e exaltar a supremacia das tradições russas.

As autoridades proibiram as passeatas em Moscou e na maioria das outras cidades, temendo a repetição das cenas ocorridas no ano passado, quando neonazistas marcharam pela capital gritando slogans racistas. Foram permitidas apenas reuniões menores longe dos centros das cidades.

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"A situação está calma'', afirmou o prefeito de Moscou, Yuri Luzhkov, a repórteres na tarde de sábado. "Nós... não vamos tolerar qualquer chauvinismo ou fascismo em Moscou.'' Na maior demonstração nacionalistas na capital russa, cerca de 2 mil manifestantes de extrema-direita se reuniram no parque Devichye Pole para uma reunião autorizada, sob os olhares das tropas de choque.

Os nacionalistas agitaram antigas bandeiras czaristas e gritavam "Glória à Rússia'', enquanto helicópteros da polícia sobrevoavam o local.

"Eu sou a favor da Rússia e quero que o povo russo caminhe com a cabeça erguida'', afirmou a manifestante moscovita Olga Voitenko, 49, à Reuters. Como outros manifestantes, ela reclama que os imigrantes ilegais estão roubando os empregos e corrompendo a sociedade russa.

A polícia deteve alguns dos manifestantes do parque em vans e os levou, alegando comportamento provocador, mas não houve violência, afirmaram repórteres da Reuters que estavam no local.

Atravessando o rio a partir do Kremlin, na praça Bolotnaya, cerca de 200 manifestantes anti-racismo realizaram uma contramanifestação, gritando "sou russo, não sou fascista.''

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As tropas de choque da polícia prenderam dezenas de jovens nacionalistas quando eles tentavam atravessar a ponte para atacar os manifestantes anti-racistas, mas não houve confrontos violentos.

Um porta-voz da polícia de Moscou não soube informar o número total de presos, mas os repórteres da Reuters viram várias detenções. Segundo a agência de notícias russa Interfax, 37 pessoas estavam detidas. Já a agência rival RIA-Novosti afirmou que 233 pessoas foram presas.

Os organizadores da "Marcha Russa'' afirmam em seu website (www.rossija.info) que 500 manifestantes foram detidos.

Racismo

Organizações não-governamentais relatam há bastante tempo que a violência racista vêm crescendo na Rússia, impulsionada pela pobreza e pelo desemprego nas regiões mais pobres e pelo ressentimento à perda do poder russo depois do fim da União Soviética.

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Slogans anti-semitas eram evidentes na manifestação em Moscou, incluindo um pôster de uma mulher segurando uma criança morta ao lado de um homem judeu agarrando a cabeça de outra criança. "Russo, ajude seus irmãos russos ou você será o próximo'', afirmava o pôster.

Em São Petersburgo, a polícia usou gás lacrimogêneo para acabar com um confronto entre nacionalistas e esquerdistas. Cerca de 20 pessoas foram presas, mas não houve registros imediatos de feridos.

No leste do país, no porto de Vladivostok, um grupo de extrema direita fez a saudação nazista enquanto posava para fotografias. Cerca de 200 manifestantes marcharam pela cidade com cartazes dizendo "Não à integração, só deportação''.

Skinheads também fizeram passeatas na cidade de Krasnoyarsk, na Sibéria, carregando cartazes. A maioria cobriu o rosto, para evitar ser identificada.

Os canais de TV controlados pelo Kremlin ignoraram as manifestações nacionalistas em Moscou e nas outras cidades.

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Em vez delas, mostraram imagens do presidente Vladimir Putin oferecendo um banquete e do líder da igreja de Moscou, patriarca Alexei II, realizando uma cerimônia para comemorar o Dia da Unidade Nacional, que celebra a libertação da Rússia dos invasores poloneses em 1612.

O Kremlin criou o feriado no ano passado para substituir a tradicional comemoração da Revolução Bolchevista de 1917, em 7 de novembro.