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Presidente dos EUA, Donald Trump, e presidente da China, Xi Jinping | JIM WATSONAFP
Presidente dos EUA, Donald Trump, e presidente da China, Xi Jinping| Foto: JIM WATSONAFP

O mundo está mais perto de uma guerra comercial: o presidente dos estados Unidos, Donald Trump, anunciará nesta sexta-feira (15) as tarifas sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses, na mais recente jogada de sua campanha para reescrever as regras do comércio global. 

A medida vem um dia depois que o secretário de Estado, Mike Pompeo, visitou Pequim para conversar com líderes chineses sobre o recente encontro do presidente com o líder norte-coreano Kim Jong-un. 

A imposição de tarifas é uma resposta à prática chinesa de licenciamento compulsório de tecnologia para empresas estrangeiras e seus esforços para roubar segredos comerciais dos EUA por meio de “ciber-roubo”, de acordo com as autoridades do governo americano. 

Trump culpou a China pela perda de 60.000 fábricas nos EUA e 6 milhões de empregos americanos, números que, segundo a maioria dos economistas, também incluem os efeitos do aumento da automação industrial. Ele identificou a redução do déficit comercial anual de US$ 375 bilhões com a China como um teste-chave de sua estratégia comercial "America First" (América primeiro). 

Embora os impostos de importação afetem menos de 10% dos US$ 505 bilhões em bens chineses que os americanos compram a cada ano, as novas barreiras comerciais de Trump marcam uma mudança histórica após três décadas de aprofundamento dos laços entre as duas maiores economias do mundo. 

Inicialmente, o governo disse que até 1.300 produtos poderiam ser afetados pelas tarifas, os quais os importadores americanos pagam e repassam para seus clientes. 

Alguns novos produtos substituirão alguns itens originais da lista que será anunciada nesta sexta-feira (15).

Robert Lighthizer, o principal negociador comercial do presidente norte-americano, disse que a lista tarifária seria projetada para minimizar o impacto sobre os consumidores. 

Trump recorreu a tarifas com um entusiasmo não visto em um presidente americano em pelo menos 80 anos. Seus impostos de importação sobre aço e alumínio atraíram protestos de empresas que usam metais estrangeiros, agricultores que temem que os parceiros comerciais dos EUA retaliem contra eles e os republicanos no Congresso. 

Mas seu plano para reprimir a China atraiu maior apoio.

Europa aprova tarifas sobre produtos americanos

Os países da União Europeia aprovaram nesta quinta-feira (14) a lista de produtos americanos que sofrerão nova tarifação em resposta às sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos contra o aço e o alumínio importados.

Artigos como uísque, jeans, motos Harley Davidson e suco de laranja estão entre os itens a serem taxados pelos europeus, com alíquotas de até 25%.

Leia também: Trump aproveita cúpula do G-7 para fazer ameaças comerciais a aliados

Os 28 países aprovaram a medida "por unanimidade", de acordo com a agência AFP.

Para entrarem em vigor, as alíquotas ainda precisam ser adotadas oficialmente pela Comissão Europeia, que se reúne na semana que vem, dia 20. A previsão é que elas passem a valer no fim de junho ou início de julho.

A decisão engrossa o protesto contra a recente política comercial do norte-americano Donald Trump, que foi chamada de "puro protecionismo" por representantes europeus e "um insulto" pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

As tarifas europeias irão se somar às já anunciadas retaliações do México e do Canadá. No total, elas atingem cerca de US$ 48 bilhões em produtos americanos, segundo estimativa do economista Chad Bown, do Peterson Institute - o que equivale a aproximadamente 3% das exportações do país no ano passado.

Entenda

O imbróglio comercial teve início em março, quando o governo Trump decidiu impor alíquotas de 25% e 10% sobre o aço e o alumínio importados da União Europeia, Canadá, México, Japão e outros países como uma medida de segurança nacional, a fim de proteger a indústria siderúrgica americana.

O republicano tem se queixado de que os EUA acumulam déficits comerciais com a maior parte dos países, e que é preciso revertê-los para proteger empregos e indústrias locais.

Países de todo o mundo (inclusive o Brasil, incluído na lista inicial) reagiram às tarifas, questionando os fundamentos da decisão e acusando desrespeito às regras de comércio estabelecidas no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). 

Os EUA abriram negociações e fizeram acordos de cotas com parte dos exportadores, como o Brasil, mas não chegaram a bons termos com a Europa, Canadá e México -para os quais as tarifas começaram a valer no início de junho.

Há o temor de que esse tiroteio desencadeie uma guerra comercial global, que pode impactos os preços e o crescimento da economia pelo mundo.

Opinião da Gazeta: A guerra comercial entre EUA e China

"Ações unilaterais de comércio podem se mostrar contraproducentes", afirmou nesta quinta a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde. "O mais crítico agora é o impacto na confiança e na incerteza de investidores e consumidores. Uma redução no comércio internacional não é boa para o crescimento".

Em um relatório divulgado nesta quinta, o FMI urgiu os Estados Unidos a trabalharem de forma construtiva com parceiros comerciais, e disse que a redução de déficits não pode ser "um alvo" a ser perseguido quando se trata de comércio internacional.

O presidente Donald Trump já afirmou não temer retaliações. "Para um país que acumula déficits comerciais bilionários, não há como perder", disse na semana passada.

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