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O chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, em coletiva de imprensa em Washington, EUA, 17 de outubro de 2019
O chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, em coletiva de imprensa em Washington, EUA, 17 de outubro de 2019| Foto: JIM WATSON / AFP

O chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, disse a jornalistas nesta quinta-feira (17) que Trump bloqueou quase US$ 400 milhões em ajuda militar à Ucrânia em parte para forçar o governo em Kiev a investigar os seus rivais políticos. A admissão foi surpreendente, após o presidente Donald Trump ter negado repetidas vezes a ocorrência de um "toma lá dá cá".

A questão é central para o inquérito de impeachment aberto pela Câmara dos Deputados dos EUA contra Donald Trump com base na alegação de que Trump teria pressionado um líder estrangeiro para obter ganhos políticos pessoais.

Mulvaney defendeu a manobra como "absolutamente apropriada". "Se ele também mencionou para mim no passado a corrupção relacionada ao servidor do Partido Democrata? Absolutamente, não há dúvida sobre isso. Mas é isso, é por isso que retivemos o dinheiro", disse Mulvaney, referindo-se a uma teoria da conspiração que afirma que um servidor de computadores do comitê do Partido Democrata foi levado para a Ucrânia em 2016 para ocultar evidências de que Kiev, e não Moscou, havia interferido nas últimas eleições presidenciais dos EUA.

Mulvaney também disse que os fundos foram retidos porque os países europeus estavam sendo "muito pouco generosos quando se tratava de ajuda em equipamentos letais" para a Ucrânia. Mas ele caracterizou a decisão de usar a ajuda aprovada pelo Congresso para obter uma vantagem como prática comum, citando outros casos em que o governo Trump reteve a ajuda a países estrangeiros e disse aos críticos para "esquecer isso".

"Tenho notícias para todos: esqueçam isso. Existe influência política na política externa", afirmou Mulvaney.

A entrevista coletiva de Mulvaney aconteceu quando o embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, se encontrou a portas fechadas com investigadores da Câmara para o inquérito de impeachment, dizendo a eles que Trump terceirizou o trabalho de lidar com a política dos EUA na Ucrânia ao advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, uma decisão que deixou Sondland desconfortável, mas que ele cumpriu mesmo assim.

Mulvaney defendeu o direito do presidente de colocar a política externa nas mãos de seu advogado pessoal. "Vocês podem não gostar do fato de Giuliani ter se envolvido, tudo bem", disse. "Isso não é ilegal e não é questão para impeachment. O presidente tem o direito de estabelecer a política externa e de escolher quem a realizará, desde que isso não viole alguma lei", acrescentou Mulvaney.

Reações

Autoridades da Casa Branca e do Departamento de Justiça ficaram irritadas com os comentários de Mulvaney na coletiva de imprensa de quinta-feira.

Um consultor de Trump considerou a informação de Mulvaney "totalmente inexplicável". "Ele literalmente disse que o que o presidente e todos os outros disseram não aconteceu", disse o conselheiro, falando sob condição de anonimato para discutir a situação com franqueza.

Uma pessoa que falou com Trump disse, no entanto, que o presidente estava satisfeito com o desempenho de Mulvaney.

Mulvaney também pegou o Departamento de Justiça de surpresa quando afirmou que a "cooperação da Ucrânia em uma investigação em andamento com nosso Departamento de Justiça" estava conectada à retenção de dinheiro de ajuda. Um funcionário do departamento disse: "Se a Casa Branca estava retendo ajuda com relação à cooperação de qualquer investigação no Departamento de Justiça, isso é novidade para nós".

Mas uma pessoa próxima a Mulvaney disse que a reação da Casa Branca foi "positiva". Essa pessoa discordou da ideia de que Mulvaney tenha admitido que tenha havido qualquer tipo de toma lá dá cá corrupto.

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