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Segundo reportagem, Twitter ajudou a amplificar rede secreta de contas do Pentágono e demorou anos para desativá-las mesmo violando regras da rede social
Segundo reportagem, Twitter ajudou a amplificar rede secreta de contas do Pentágono e demorou anos para desativá-las mesmo violando regras da rede social| Foto: Johnny Bivera/Wikimedia Commons

O mais recente capítulo do Twitter Files, como tem sido chamada uma série de reportagens que denunciam suposta atuação política da plataforma de mídia social antes da compra pelo bilionário Elon Musk, apontou que a empresa teria protegido e ajudado uma rede secreta de contas do Pentágono com o objetivo de emplacar narrativas contra inimigos dos Estados Unidos.

Segundo reportagem do jornalista Lee Fang, publicada no site The Intercept e que teve suas principais informações divulgadas por ele no próprio Twitter, em 2017 um funcionário do Comando Central dos EUA enviou à empresa uma lista de 52 contas em árabe que seriam usadas “para amplificar certas mensagens”.

Parte dessas contas teria recebido do Twittter uma etiqueta especial de “lista branca”, com isenção de sinalizadores de spam ou abusos na rede e mais propensão a emplacarem hashtags como trending topics. As contas usariam fotos de perfil genéricas e até de rostos humanos falsos geradas por Inteligência Artificial.

“As contas do Comando Central dos EUA nessa lista twittaram com frequência sobre as prioridades militares dos Estados Unidos no Oriente Médio, incluindo a promoção de mensagens anti-Irã, da guerra no Iêmen apoiada por Arábia Saudita-EUA e de ataques ‘precisos’ de drones americanos que afirmavam atingir apenas terroristas”, apontou Fang.

“A rede de propaganda dos EUA impulsionou incansavelmente narrativas contra a Rússia, a China e outros países. Eles acusaram o Irã de ‘ameaçar a segurança hídrica do Iraque e inundar o país vizinho com metanfetamina’ e de retirar órgãos de refugiados afegãos”, acrescentou.

O jornalista afirmou que, ao longo de 2020, executivos e advogados de alto escalão do Twitter debateram sobre a rede secreta de contas do Pentágono e, além das contas na lista enviada em 2017, identificaram pelo menos outras 157 não informadas pelo Departamento de Defesa.

Apesar do conhecimento do Twitter dessas contas, elas teriam permanecido ativas até pelo menos este ano. “A realidade é muito mais obscura. O Twitter ajudou ativamente a rede do Comando Central americano desde 2017 até pelo menos 2020 sabendo que essas contas eram secretas/projetadas para enganar e manipular o discurso, uma violação das regras e promessas do Twitter. Eles esperaram anos para suspendê-las”, afirmou Fang.

O Pentágono ainda não se manifestou sobre a reportagem do Intercept e sobre as postagens de Fang.

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