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A União Européia (UE) dirá ao Irã na quarta-feira que está se esgotando o prazo para que o país aceite uma oferta de incentivos e dê início a negociações para limitar suas atividades no setor nuclear. Caso não o façam, os iranianos podem sofrer sanções.

Diplomatas duvidam que o Irã dê uma resposta clara no encontro a ser realizado em Bruxelas entre seu principal negociador para a área nuclear, Ali Larijani, e o chefe de política externa do bloco europeu, Javier Solana.

Mas afirmam que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pode adotar medidas se o país islâmico não se manifestar antes de uma cúpula do Grupo dos Oito (G8) marcada para acontecer na próxima semana na Rússia.

Uma autoridade iraniana disse que Larijani, secretário do Supremo Conselho Nacional de Segurança, apresentaria perguntas sobre itens do pacote de incentivos que o país considera ambíguos.

- Esperamos que o objetivo das negociações de amanhã seja a criação das condições para o começo das negociações - afirmou Cristina Gallach, porta-voz de Solana. - Quanto mais clareza sentirmos da parte dos iranianos, melhor será o teor de nossa comunicação ao G8 - afirmou, referindo-se à cúpula da entidade que começa no dia 15 de julho em São Petersburgo.

No entanto, na próxima quarta-feira, antes da cúpula, os cincos membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha devem se reunir para conversar sobre o caso iraniano.

Os Estados Unidos insistem que o Irã teve tempo suficiente para responder ao pacote apresentado um mês atrás e que prevê incentivos nas áreas de tecnologia, comércio e política se Teerã suspender seu programa de enriquecimento de urânio.

O governo americano deseja que a cúpula do G8 adote uma decisão sobre quais medidas tomar no caso.

A China, um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, pediu ao Irã, na terça-feira, que responda logo que possível, mas disse que os integrantes do G8 -- EUA, Rússia, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Grã-Bretanha -- precisavam ter paciência.

- Esperamos que o Irã dê ouvidos às preocupações da comunidade internacional e responda o quanto antes ao conjunto de propostas - afirmou Jiang Yu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. - Também esperamos que o outro lado seja paciente e prudente. E que analise seriamente as preocupações razoáveis do Irã.

Perguntas, não respostas

O país islâmico afirmou que dará sua resposta até 22 de agosto, insistindo que a oferta de incentivos contém ambiguidades que deseja ver dirimidas.

Segundo a agência iraniana de notícias Mehr, semi-oficial, Larijani disse na segunda-feira que a imposição de prazos fatais não ajudava e descartou a possibilidade de o país atender à demanda central do pacote -- suspender o enriquecimento de urânio -- antes de dar início a negociações.

O urânio enriquecido pode ser usado tanto na fabricação de armas quanto na produção de energia.

O Irã, quarto maior exportador de petróleo do mundo, rejeita as acusações feitas por países ocidentais de que deseja fabricar ogivas nucleares. O país insiste que seu programa visa apenas à produção de eletricidade.

Na semana passada, o G8 pediu uma "resposta clara e sólida" de Larijani no encontro com Solana. Mas não há muitas esperanças de que a reunião produza algum avanço.

Ali Hosseinitash, chefe da área de assuntos estratégicos do Supremo Conselho Nacional de Segurança, afirmou que o Irã não pretende dar uma resposta nesse encontro.

Segundo a porta-voz de Solana, já era hora de Larijani apresentar uma decisão. Mas Gallach reconheceu que o negociador deve comparecer ao encontro levando perguntas, não respostas.

- Precisamos ouvir atentamente o que Larijani tem a dizer. Não excluímos a possibilidade de que sejam feitas perguntas - afirmou a porta-voz.

O pacote de incentivos elaborado por Grã-Bretanha, França, Alemanha e UE oferece ajuda para a construção de um reator nuclear que contaria com um suprimento garantido de combustível, bem como benefícios econômicos e apoio à idéia de concessão de garantias na área de segurança.

Os EUA, a China e a Rússia deram apoio ao pacote, que ainda prevê a suspensão do programa de enriquecimento de urânio e das atividades relacionadas enquanto as negociações estiverem em andamento.

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