Centenas de milhares de haitianos se reuniram no centro de Porto Príncipe: mãos para o céu e pedidos de ajuda na cidade devastada pelo terremoto de 12 de janeiro| Foto: Roberto Schmidt/AFP

Viagem

Lula vai sugerir criação de frentes de trabalho

Da Redação, com agências

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai propor ao presidente do Haiti, René Préval, uma parceria para criar frentes de trabalho, que gerem oportunidades de emprego, e resolvam questões pontuais, como restauração de estradas, a construção de casas e o estímulo à pesca, além da limpeza pública. Lula desembarca no próximo dia 25 em Porto Príncipe (capital haitiana) e ficará apenas de quatro a seis horas em território haitiano e, depois, segue para El Salvador.

Durante a visita Lula anunciará a chamada Bolsa Haiti, que, inicialmente, reuniria uma série de ações de apoio direto ao país caribenho. Mas um mês depois do terremoto e das críticas de vários segmentos à ingerência dos EUA e da França, na região, assessores do presidente sugeriram uma nova versão do programa.

Três setores comandam a operação: o Gabinete de Segurança Institucional, ligado diretamente a Lula, a Subsecretaria de América do Sul e a Agência Brasileira de Cooperação – as duas últimas ligadas ao Itamaraty.

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Veja lista dos terremotos com maior número de vítimas
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Em cima dos destroços de igrejas destruídas, em parques ou nas calçadas, milhares de haitianos rezaram ontem na capital do Haiti, Porto Príncipe, para marcar um feriado nacional destinado a lembrar as vítimas do terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter, que matou mais de 200 mil pessoas.

Líderes das duas religiões oficiais – um bispo católico e o chefe dos sacerdotes vodu – se juntaram a ministros protestantes para um serviço religioso nas proximidades do destruído Pa­­lácio Nacional. Um sacerdote muçulmano também participou do encontro.

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Os homens usavam lenços pretos ao redor dos braços em sinal de luto e as meninas, vestidos brancos. Dentre os participantes estavam pessoas amputadas por causa do terremoto em cadeiras de rodas, mancando ou usando muletas.

O presidente Rene Préval chorou durante o serviço. "A dor é muito grande – palavras não podem descrevê-la", disse Préval, num de seus primeiros discursos públicos em semanas.

As pessoas lotaram igrejas em Petionville, subúrbio de Porto Príncipe, e colocaram auto falantes para que as pessoas que estavam nas ruas pudessem acompanhar o serviço.

Outras foram para os escombros do que fora uma igreja católica e uma igreja evangélica para lembrar as vítimas anonimamente enterradas em valas co­­muns nas cercanias da capital.

Muitos dos marcos religiosos de Porto Príncipe foram destruídos, dentre eles a catedral católica romana; a igreja do Sagrado Coração, a mais antiga do Haiti e a igreja episcopal da Santíssima Trindade, com murais com Jesus Cristo, a Virgem Maria e discípulos negros pintados por grandes artistas haitianos na década de 1950.

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Dificuldades

Mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem casa e as agências huma­­nitárias lutam para fornecer abri­­gos antes da chegada das chuvas.

Um mês após o violento terremoto de 12 de janeiro, o pior da história do país, os sobreviventes lutam para tentar refazer suas vidas. A comida ainda não chegou aos 3 milhões que dela ne­­cessitam – um terço da população haitiana. Problemas com in­­fraestrutura continuam a atrapalhar o esforço internacional de ajuda.