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Curitiba – Pela primeira vez a China estará exposta ao "crivo" da imprensa internacional. Além dos 2 milhões de turistas, mais de 10 mil jornalistas do mundo todo são esperados para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Ou seja, a China se mostrará ao mundo como é. Sem censura. Pelo menos durante os Jogos, garantem as autoridades locais.

O país está investindo cerca de US$ 40 bilhões em estruturas esportivas, novas linhas de metrô e em avenidas mais amplas. Mas ao mesmo tempo em que a China está levando à risca as obras necessárias para sediar as Olimpíadas, o que a mídia internacional tem mostrado é a "neurose" do governo, liderado pelo Partido Comunista, em insistir a todo custo na mudança de hábitos dos chineses.

Os líderes de Pequim parecem querer mostrar uma outra capital aos olhos ocidentais. Multas serão aplicadas àqueles que cuspirem ou jogarem lixo no chão, hábitos condenáveis, mas comuns na capital da nação mais populosa do mundo. Uma campanha está sensibilizando os chineses para que formem fila indiana em pontos de ônibus e metrô. O mais importante é que não furem fila – outro costume local.

Outras medidas vão além e até ganham ares cômicos, já que a intenção parece ser ocultar a realidade e a cultura da região. O governo recomenda que o funcionalismo não se perca "em mulheres e bebidas alcoólicas" durante a realização dos Jogos. Não se descarta também a possibilidade de solicitar a retirada de mendigos e usuários de drogas do centro da capital.

À primeira vista, algumas medidas soam jocosas, mas ONGs de direitos humanos têm se mostrado preocupadas com este tipo de política. A Human Rights Watch, por exemplo, até reconhece que outras sedes olímpicas, como Atenas, Barcelona e Sydney, tenham feito algo parecido em relação à população mais carente. O que se teme, diz a ONG, é que haja uma grande diferença na prática policial das cidades citadas e a chinesa.

Para Daniel Aarão, professor de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense, as medidas do governo chinês, como a multa por cuspir no chão, não revelam "neurose", pelo contrário se espelham no modelo que Hong Kong já vem adotando com eficácia.

O hábito de cuspir no chão vem desde o século 19, nas tradições das sociedades agrárias de China e Rússia. "Quando se recebem visitantes, várias nações colocam para debaixo do tapete as suas misérias. Na China, essas medidas ganham maior dimensão e uma certa repulsa, porque o regime é comunista."

Mas não são só os costumes que estão sendo alvo das mudanças. O governo chinês está centrado em ações para assegurar a segurança durante o evento, controle alimentar e melhorias no tráfego. Várias estratégias estão sendo pensadas para melhor atender os turistas dos Jogos Olímpicos. Por exemplo, o governo está oferecendo cursos de inglês para motoristas e comerciantes, segundo a Embaixada da China no Brasil.

Serão reservadas 6.350 camas de hospital para os Jogos e haverá 144 hospitais disponíveis. Laboratórios para a pesquisa de 50 doenças infecciosas estarão a postos durante o evento, 16 deles destinados à gripe aviária e outros 6 à Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa).

Além de incrementar o efetivo policial em mais de 2 mil homens, o Exército chinês tem feito simulações para se preparar contra a possibilidade de ataques bioquímicos durante os Jogos.

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