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Ao contrário da reação imediata dos vizinhos sul-americanos ao bloqueio do espaço aéreo de França e Portugal ao avião do presidente boliviano, Evo Morales, na noite de ontem, o governo brasileiro optou pelo silêncio na manhã de hoje.

Em viagem à Ucrânia, o chanceler Antonio Patriota não se pronunciou sobre o caso e, segundo o Itamaraty, também não manteve conversas com o governo boliviano.De acordo com o Planalto, a presidente Dilma Rousseff também não teve contato com os presidentes da região para tratar do tema, que foi considerado por Evo um ato de agressão.

Segundo La Paz, o avião, que deveria descer em Lisboa, foi obrigado a aterrissar na Áustria porque os dois países não deram permissão de entrada. A escala era uma parada programada para o jato, que seguia de Moscou para La Paz.

O governo boliviano afirma que a proibição foi feita porque os países suspeitavam de que estava a bordo Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento telefônico e on-line feito pelo governo americano.

A Unasul emitiu uma nota em que condena a "atitude perigosa" assumida pela França e por Portugal ao cancelar a permissão de sobrevoo.

O texto informa ainda que o presidente do Equador, Rafael Correa, pediu ao Peru - responsável pela presidência temporária do grupo- que convoque urgentemente uma reunião extraordinária de chefes de Estado para tratar do tema.

"A Secretaria-Geral da Unasul considerado estranho que isso aconteça num momento em que todos os governos da União Europeia manifestaram preocupação com o alcance do programa de espionagem conduzido pelo governo dos EUA sobre sua população", diz a nota.

Humilhantes

Em seu Twitter, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, considerou humilhantes as restrições de voo a Morales. "Definitivamente todos estão loucos. Um chefe de Estado e seu avião têm imunidade total. Não pode haver esse grau de impunidade", afirmou, em sua conta no Twitter.

Ela disse ter conversado por telefone com Evo -a quem ofereceu assistência legal- e com os presidentes do Uruguai, José (Pepe) Mujica, e do Equador, Rafael Correa. "[Pepe] está indignado. Tem razão. Isso é tudo muito humilhante", disse Cristina.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que esteve com Evo em Moscou, ratificou sua "solidariedade" e disse que, da Venezuela, seu governo "responderá com dignidade a essa agressão perigosa, desproporcionada e inaceitável".

"Estou em contato com Evo, violaram todas as imunidades internacionais que protegem os chefes de Estado por causa da obsessão imperial", disse Maduro em sua conta do Twitter.

Correa, também em seu Twitter, classificou a situação como "extremamente grave" e acusou os países europeus de "pisotearem o Direito Internacional".

"Horas decisivas para a Unasul: ou nos reafirmamos como colônias ou reivindicamos nossa independência, soberania e dignidade. Somos todos Bolívia!"

A chancelaria cubana emitiu um comunicado em que condenou o incidente. "Isso constitui um ato inaceitável, infundado e arbitrário, que ofende a todos os latino-americanos e caribenhos."

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