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O ex-presidente argentino Néstor Kirchner foi nomeado nesta terça-feira secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), durante cúpula entre presidentes do bloco. A nomeação põe fim a um conflito diplomático iniciado com a candidatura dele ao cargo.

Os presidentes sul-americanos, reunidos em um luxuoso resort de golf a 60 quilômetros de Buenos Aires, também vão tratar da continuidade da ajuda regional ao Haiti e da assistência ao Chile, após os terremotos que abalaram esses dois países neste ano.

"Eu penso que a escolha do companheiro Kirchner como secretário-geral é a consolidação de mais uma etapa do fortalecimento da Unasul, isso é o que significa", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Kirchner tem experiência, conhece o continente, conhece as dificuldades políticas, ideológicas que nós temos no continente... assim, eu penso que ele está 100 por cento apto a ser um extraordinário secretário-geral da Unasul", acrescentou.

A candidatura de Kirchner, que deve permanecer no cargo por dois anos, tinha sido vetada em 2008 pelo então presidente uruguaio, Tabaré Vásquez, que se desentendeu com o governo argentino em torno da instalação de uma fábrica de celulose na fronteira entre os dois países.

Com a posse de José Mujica como presidente, no entanto, o país mudou de posição e apoiou Kirchner, que governou a Argentina entre 2003 e 2007, quando entregou a Presidência à sua sucessora e esposa, Cristina.

Mujica disse que apoiou a candidatura de Kirchner "sem condições, sem pedir condições e sem que ninguém lhe tenha pedido condições". As declarações se referiam a informações veiculadas na imprensa de que Mujica teria condicionado seu apoio ao ex-presidente argentino ao fim dos protestos na ponte que liga os dois países.

Um grupo de ambientalistas argentinos mantém bloqueada a ligação fronteiriça há mais de três anos, como forma de protesto pela instalação de uma fábrica pela empresa finlandesa Botnia no lado uruguaio de um rio na fronteira.

Analistas argentinos acreditam que Kirchner buscava a secretaria-geral da Unasul como forma de impulsionar sua candidatura à Presidência argentina nas eleições marcadas para o final de 2011.

"Sabemos da importância que tem uma pessoa que se dedique integralmente a levar adiante as soluções dos problemas que a América do Sul tem que enfrentar", disse Ricardo Patiño, chanceler do Equador, que propôs para o cargo o ex-presidente Kirchner.

Lei de imigração do Arizona

Ao término do debate entre os presidentes, a Unasul rejeitou "a criminalização das pessoas migrantes" contida na lei de imigração do Estado do Arizona, nos Estados Unidos.

O grupo reiterou seu apoio à Argentina na disputa pela soberania das Ilhas Malvinas com o Reino Unido.

Os chefes de Estado expressaram também apoio à institucionalidade do Paraguai, que recentemente decretou um estado de exceção na área de fronteira com Brasil e Bolívia devido à ação de grupos armados e do narcotráfico.

A Unasul é formada por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Guiana, Equador, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

O bloco nasceu em 2004 no Peru com o nome de Comunidade Sul-Americana de Nações, convertendo-se em Unasul em uma cúpula na Venezuela em 2007. Um ano depois, firmou seu tratado constitutivo, que ainda tem de ser ratificado pelos Congressos de vários de seus países membros.

A Unasul foi criada por iniciativa do Brasil para favorecer a unidade dos países sul-americanos, mas divergências políticas e ideológicas entre os países têm dificultado os avanços do bloco.

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