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Após a Segunda Grande Guerra, os países da Europa, fragilizados pelas conseqüências desastrosas daquela, fizeram sua opção clara pela criação de uma comunidade econômica com vistas a atingir uma integração econômica e política. Deixavam de lado a contumaz concorrência e as disputas de poder e, baseados em um ambicioso projeto de integração, decidiram assegurar pela ação comum, a constituição de um mercado sem barreiras como forma de melhorar as condições de vida e de emprego, garantir o progresso econômico e social na estabilidade.

Ao longo de sua trajetória o bloco sofreu reveses, como o veto francês à entrada da Inglaterra, mais tarde contornado; o não plebiscitário da Noruega que por duas vezes rejeitou o ingresso ao bloco, a divisão entre os Estados em apoiar ou não a Guerra do Iraque, e mais recentemente o não plebiscitário da França e da Holanda que vetaram a entrada em vigor da "Constituição Européia". Por outro lado, foram grandes as contribuições para a edificação de um novo cenário internacional. Basta dizer que o continente não tem um conflito entre os países do bloco em toda a sua existência.

A União Européia tem agora vários desafios para a sua sobrevivência: o primeiro é conformar os interesses dos novos membros ex-comunistas e ao mesmo tempo incluí-los no sistema comunitário de desenvolvimento; vencer a resistência e a xenofobia dos países que estão bancando o projeto de integração e onde as populações não estão mais dispostas a ceder ao projeto de integração; provar que é um bloco laico com a permissão do ingresso da Turquia, que há mais de dez anos se candidatou a Estado membro do bloco e ainda não foi aceita; ampliar e consolidar a "zona do euro" hoje formada por apenas 12 países; fazer entrar em vigor a Constituição já rejeitada, fundamental para a organização institucional do bloco; e por fim, dinamizar o processo de integração que dá mostras de depressão e paralisia em certas áreas.

A materialização do sonho da integração até então considerado utópico já justificou a existência da União Européia até a presente data. A convergência dos interesses dos Estados membros, a concepção do que é verdadeiramente um processo de integração e sua importância estratégica regional, a firmeza dos propósitos de integração, e a manutenção dos objetivos inicialmente estabelecidos é que determinarão o futuro do bloco a partir de agora, seu sucesso ou fracasso.

Prof. Wagner Menezes, presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional e membro do Tribunal do Mercosul

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