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A Venezuela espera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa liderar uma comissão internacional de mediação para buscar a paz na Líbia, afirmou uma fonte do governo à Reuters na quinta-feira.

A fonte venezuelana disse, porém, que os planos de incluir Lula na proposta de mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estavam em um estágio muito "preliminar".

O presidente venezuelano propôs nesta semana um plano que busca uma solução negociada para a insurreição na Líbia, incluindo o envio de uma comissão internacional para mediar a crise.

Segundo um porta-voz do governo venezuelano, o líder líbio Muamar Kadafi aceitou a proposta do aliado Chávez para uma mediação internacional que encerre a crise no país africano.

Notícias de que a Liga Árabe estaria avaliando seriamente a proposta de Chávez contribuíram para uma queda no preço do petróleo, após vários dias sucessivos de alta devido à preocupação com o suprimento líbio do produto.

A exemplo de Kadafi, Chávez se considera um revolucionário anti-imperialista, e já visitou-o seis vezes na Líbia.

Analistas veem com ceticismo a possibilidade de Chávez conseguir promover o fim imediato dos combates na Líbia, onde Kadafi parece cada vez mais acuado por uma rebelião popular e militar contra seu regime, que já dura 41 anos.

O ministro venezuelano da Informação, Andrés Izarra, disse que o chanceler do seu país falou na quinta-feira com o seu homólogo líbio, o qual teria confirmado a disposição de Kadafi em aceitar a presença de uma comissão internacional que negocie com as partes em conflito.

Izarra acrescentou que a Liga Árabe também demonstrou interesse na proposta. "A Venezuela continuará seus contatos no mundo árabe e em outros lugares para encontrar fórmulas para a paz", disse o ministro.

Ainda não há data prevista para a missão, pois "tudo está em um estágio muito preliminar, com negociações muito delicadas e instáveis", segundo uma fonte do governo venezuelano.

Chávez tem dito que os Estados Unidos estão exagerando os relatos sobre a situação na Líbia, a fim de justificar uma invasão do país, 12o maior produtor mundial de petróleo.

Olivier Jakob, da empresa suíça de pesquisas Petromatrix, disse que a proposta de Chávez não deve agradar aos rebeldes.

"A credibilidade de Chávez não é muito alta", disse ele. "O único valor dessa proposta é se ela oferecer alguma saída honrosa para o clã Kadafi ... uma maneira de ele livrar a cara partindo para o exílio."

A Venezuela tem sido amplamente citada como um destino possível para Gaddafi se ele abandonar o seu país. O dirigente árabe visitou o país sul-americano em 2009, quando doou uma tenda beduína a Chávez, cujo nome batiza um estádio de 11 mil lugares na Líbia.

Mais cedo, o presidente do Conselho Nacional instituído pelos rebeldes líbios rejeitou a ideia de negociar com Kadafi. O chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, disse à Reuters que o plano de Chávez só foi considerado, e que cabe à Venezuela dar mais detalhes sobre sua substância.

Um pequeno grupo de venezuelanos que se opõe a Chávez fez uma manifestação em frente à Embaixada da Líbia em Caracas, acusando o presidente de fazer apologia do "assassino" Kadafi.

Em Londres, Saif al Islam, filho de Kadafi, disse que não é necessário qualquer envolvimento internacional na mediação da crise na Líbia, quando questionado sobre a oferta da Venezuela.

"Temos que dizer obrigado... mas somos capazes o suficiente para resolver nossos problemas por nosso próprio povo. Não há necessidade de qualquer intervenção internacional".

Ele acrescentou que os venezuelanos "são nossos amigos, os respeitamos, gostamos deles, mas estão muito longe. Eles não têm ideia sobre a Líbia. A Líbia está no Oriente Médio e norte da África. A Venezuela está na 'América Central'. Agradecemos", afirmou ele, erroneamente referindo-se ao país da América do Sul.

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