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O presidente do Uruguai, José Mujica (centro), com ministros durante encontro do Mercosul, em Mendoza, onde foi decidida a entrada da Venezuela no bloco | Leo la Valle/Efe
O presidente do Uruguai, José Mujica (centro), com ministros durante encontro do Mercosul, em Mendoza, onde foi decidida a entrada da Venezuela no bloco| Foto: Leo la Valle/Efe

Vídeo

Governo paraguaio acusa tentativa de levante pró-Lugo

O governo do Paraguai apresentou ontem um vídeo no qual o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, aparece em reunião com lideranças militares paraguaias. De acordo com a ministra da Defesa do Paraguai, María Liz García, as imagens provam o que seria uma tentativa de levante militar em favor do presidente deposto Fernando Lugo.

Nas imagens, divulgadas na internet pelo jornal paraguaio ABC Color, Maduro aparece nos corredores do Palácio de Lopez, a sede do governo de Assunção, caminhando ao lado do comandantes militares paraguaios pouco antes da destituição de Lugo pelo Senado.

Liz García disse que as imagens seriam entregues à Procuradoria, que investiga a eventual interferência do governo venezuelano nas Forças Armadas do Paraguai.

Mercosul

Os senadores paraguaios Rafael Filizzola e Efrain Alegre enviaram ontem uma carta aberta para Argentina, Brasil e Paraguai em que pedem aos sócios do país no Mercosul que apoiem o governo de Federico Franco, empossado após o impeachment de Lugo.

Interferência

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Folhapress

O governo brasileiro reagiu com perplexidade à divulgação do vídeo em que o chanceler venezuelano Nicolás Maduro se encontra com comandantes militares paraguaios, interferindo diretamente em questões internas do país. A avaliação é que a denúncia dá argumento e força aos críticos da entrada da Venezuela no Mercosul.

Apesar disso, o Itamaraty diz que a inclusão da Venezuela no Mercosul é uma "decisão já tomada e irreversível", porque o documento assinado por Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e José Mujica, na última sexta, diz, no primeiro parágrafo, que os três presidentes "decidem o ingresso da República Bolivariana" no bloco.

O ministro Luiz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) defendeu, do ponto de vista jurídico, a integração da Venezuela: "Não vejo fragilidade jurídica. Tenho ouvido genericamente que não teria sustentação jurídica, mas jamais ouvi o ponto que teria sido violado."

O vice-presidente do Uru­­guai, Danilo Astori, qualificou ontem o ingresso da Venezuela no Mercosul como uma "agressão institucional" ao bloco econômico.

"Não compartilho a decisão de aceitar o ingresso da Venezuela como um membro pleno porque se trata de uma agressão institucional muito importante para o Mercosul", disse ele, em declarações publicadas pelo jornal uruguaio El Observador.

"É uma ferida institucional muito importante, talvez a mais grave dos 21 anos do Mercosul", acrescentou.

Ainda segundo Astori, o ingresso da Venezuela e a sanção ao Paraguai atingem "o coração do Tratado de Assunção" e ignoram "uma de suas normas mais importantes (...) o ingresso de um membro pleno deve ser aprovado por todos os membros plenos já existentes".

Na terça-feira, o chanceler uruguaio, Luis Almagro, chegou a afirmar que a entrada da Venezuela foi tomada pela intervenção "decisiva" da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, secundada pela da Argentina, Cristina Kirchner, na reunião de chefes de governo.

A declaração foi rebatida pelo assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. "Isso não corresponde ao estilo da política externa brasileira e menos ainda da presidenta Dilma", afirmou.

Ontem, o secretário da Presidência do Uruguai, Diego Cánepa, disse que não há contradições entre os integrantes do Mercosul sobre como foi decidida a entrada da Venezuela no bloco. "Marco Aurélio Garcia transmitiu o correto, que houve consenso na reunião de presidentes, quando se entendeu que era estratégico o ingresso da Venezuela. Ocorreu um discussão sobre a oportunidade, mas não sobre a decisão fundamental", destacou Cánepa.

"O Uruguai já resolveu­­ este tema. O ingresso da Venezuela foi votado e aprovado em nosso país há quase cinco anos", concluiu Cá­­nepa.

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