Milhares de venezuelanos saíram às ruas na terça-feira, pelo terceiro dia seguido, em apoio ou protesto à decisão do presidente Hugo Chávez de não renovar a concessão da emissora RCTV, em uma nova demonstração de polarização no país. Mais uma vez as ruas da capital foram fechadas por protestos.

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No Brasil, o presidente Lula se negou comentar o fechamento da TV. Depois de almoçar no Itamaraty com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh, o brasileiro evitou fazer declarações sobre a cassação da concessão feita por Chávez.

- O que o Brasil tem a ver com a concessão venezuelana para uma TV? - indagou Lula ao ser perguntado sobre a decisão de Hugo Chávez.

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Para Lula, o assunto diz respeito apenas à Venezuela.

- É um problema da legislação e do governo venezuelanos. Da mesma forma que eu não quero que eles dêeem palpite nas coisas que eu fizer aqui, eu não quero comentar - disse Lula, antes de voltar para o Palácio do Planalto.

Bachelet fala

Já a presidente chilena, Michelle Bachelet, afirmou que a liberdade de expressão é uma "regra de ouro" no Chile e afirmou que seu governo acompanha com atenção o fechamento da RCTV.

- Para o Chile, a liberdade de expressão é a regra de ouro, dada nossa história política. Portanto, para nós, garantir a liberdade de expressão é um elemento principal - disse ele durante uma visita oficial à Finlândia.

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Fora do ar

A RCTV, o canal de televisão mais antigo da Venezuela, acusado por Chávez de "golpista" e antidemocrático", deixou de ser transmitido à meia-noite de domingo, depois de 53 anos de existência, para ser substituída pela TVes, uma nova emissora estatal.

Desde domingo estão acontecendo passeatas e protestos em várias partes do país , umas para rechaçar a medida e outras para apoiá-la.

A polícia já usou balas de borracha, jatos d'água e gás lacrimogêneo para dispersar as manifestações, depois de ser agredida com pedras, paus e garrafas. Os choques deixaram dezenas de feridos.

O governo afirma que a nova TVes será uma emissora de "serviço público", independente, e garante que ela terá espaço para a pluralidade. Mas os venezuelanos temem que ela se transforme em mais uma TV a serviço do governo.

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Na terça-feira, milhares de estudantes identificados com o projeto "socialista" de Chávez reuniram-se numa praça no centro de Caracas e depois fizeram passeata até o palácio presidencial de Miraflores.

- Estamos na defesa solidária da decisão soberana do governo revolucionário do nosso presidente, Hugo Chávez, de não renovar a concessão desse canal nefasto de televisão que se chamava RCTV - disse Luis Alvarez, estudante da Universidade Bolivariana da Venezuela.

Intimidação

Alguns analistas acham que a decisão de não renovar a concessão da RCTV faz parte de um plano para intimidar os outros meios de comunicação, para que eles não critiquem a revolução socialista.

Os diretores da RCTV, que alegam que a concessão só expirava em 2022, afirmam que o presidente quer silenciar a dissidência e que seu próximo alvo pode ser a Globovisión, também acusada pelo governo de mentir e de fazer "terrorismo midiático" .

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Mas outros milhares de estudantes de várias universidades se concentraram em outra praça da capital para repudiar o fechamento da RCTV, que consideram um ataque contra a liberdade de expressão. Eles iam fazer uma passeata até a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA).

- Vamos fazer a passeata porque somos cívicos, não acreditamos na repressão e queremos uma Venezuela livre, onde a verdade seja de todos - disse Frank Calvillo, estudante da Universidade Central da Venezuela.

O governo afirma que a debilitada oposição está usando o episódio para tentar desestabilizar o país. Já a oposição diz que o caso despertou a consciência do povo diante de um presidente que acusam de ditador.