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ONU acusa israelenses

Israel reconhece alegação falsa de que ambulâncias alvejadas não tinham luzes de emergência acesas

Vídeo coloca em xeque versão de Israel sobre ataque a paramédicos
Vídeo coloca em xeque versão de Israel sobre ataque a paramédicos. (Foto: Crescente Vermelho da Palestina)

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As Forças de Defesa de Israel (FDI) reconheceram a falsa alegação de que alvejaram um comboio de ambulâncias em razão dos veículos estarem sem as luzes de emergência, após identificá-los erroneamente como uma ameaça.

Segundo Tel Aviv, soldados Golani, que operavam sob a 14ª Brigada Blindada, montaram uma emboscada em uma estrada em Tel Sultan por volta das 4 da manhã. Eles alegam que naquele momento, várias ambulâncias e civis passaram sem incidentes.

Por volta das 4h30, um veículo da polícia do Hamas passou pela área e os soldados trocaram tiros com os terroristas, matando um e capturando outros dois.

Por volta das 6 da manhã, o comboio de ambulâncias chegou à área, e os soldados abriram fogo, pensando que eram uma ameaça. Operadores de drones relataram aos soldados que os veículos estavam se movendo em direção a eles de forma suspeita.

A investigação inicial feita pelas FDI indica que os soldados foram surpreendidos pelo comboio ao lado do veículo abandonado do Hamas, e vários suspeitos saíram rapidamente correndo. Segundo o exército, os israelenses não sabiam que os suspeitos eram, na verdade, médicos desarmados, abriram fogo e mataram 15.

Reconheceram também que a declaração alegando que as ambulâncias estavam com as luzes apagadas era falsa e segundo o exército, foi baseada no testemunho dos soldados no incidente.

Caso veio a tona neste sábado através de um vídeo recuperado de um paramédico morto

O caso foi tema de jornais de todo o mundo, devido um vídeo encontrado em um celular junto com o corpo de um dos paramédicos mortos na Faixa de Gaza, que pôs em xeque a versão do exército de Israel sobre as mortes de 15 socorristas. As Forças de Defesa de Israel disseram inicialmente ter atirado em veículos suspeitos que se aproximaram de tropas com as luzes de identificação apagadas. Mas o vídeo, apresentado na ONU, mostra ambulâncias identificadas, luzes ligadas e paramédicos uniformizados.

As mortes aconteceram no dia 23 de março, mas a denúncia foi apresentada na ONU na sexta-feira (4). O governo de Israel inicialmente havia informado ao jornal The Times que o caso estava sob "exame rigoroso". O episódio pode se configurar como um crime de guerra.

Gideon Saar, ministro das Relações Exteriores de Israel, havia dito antes do surgimento do vídeo que as Forças de Defesa de Israel "não atacaram uma ambulância aleatoriamente".

O celular com as imagens foi encontrado em uma vala onde diversos corpos foram enterrados. As imagens foram divulgadas pela Sociedade do Crescente Vermelho Palestino, organização que faz parte da Cruz Vermelha. O vídeo mostra ambulâncias e um carro de bombeiros se movendo na escuridão com alertas e faróis ligados. Quando os veículos param para verificar uma outra ambulância parada na estrada, são atacados a tiros.

Além dos faróis e alertas ligados, o vídeo mostra dois paramédicos saindo dos veículos usando roupas refletivas. Em seguida, o para-brisa da ambulância do socorrista que grava o vídeo é alvejado enquanto ele reza.

O Crescente Vermelho Palestino afirmou que as imagens chegaram às mãos do Conselho de Segurança da ONU. A instituição pediu "responsabilização" e "uma investigação independente e completa".

No início deste mês, Munther Abed, um dos paramédicos que sobreviveu ao ataque falou com a BBC sobre o ocorrido. "Durante o dia e à noite, é a mesma coisa. Luzes externas e internas estão acesas. Tudo indica que é um veículo de ambulância que pertence ao Crescente Vermelho Palestino. Todas as luzes estavam acesas até o veículo ficar sob fogo direto."

Ele também afirmou que as equipes de resgate não têm relações com organizações armadas e terroristas.

"Todas as equipes são civis. Não pertencemos a nenhum grupo militante. Nosso principal dever é oferecer serviços de ambulância e salvar vidas de pessoas. Nem mais, nem menos", disse.

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