O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, anunciou nesta quarta-feira (9) que as vítimas do naufrágio de Lampedusa - que deixou mais de 280 imigrantes mortos - serão homenageadas com funerais de Estado. Ele e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, foram recebidos com insultos e gritos de "assassinos" ao chegarem à ilha para avaliar a crise da chegada de refugiados do Norte da África e Oriente Médio.
A visita dos dois ocorre em um momento delicado para a política italiana e para as questões de imigração na União Europeia (UE). Apesar de ter conquistado o voto de confiança do Parlamento, o governo de Letta ainda enfrenta uma instabilidade em sua coalizão, enquanto manifestações pelos direitos de imigrantes se intensificaram no país após a tragédia de Lampedusa.
Durante a visita, Barroso anunciou uma ajuda de US$ 30 milhões para ajudar os refugiados na Itália. Pelo menos 274 pessoas - a maioria vinda de Somália e Eritreia - morreram na tragédia de Lampedusa. Dos cerca de 500 passageiros, somente 155 foram resgatados com vida.
"Isso é algo que, acredito, ninguém pode esquecer: caixões com bebês, caixão com uma mãe e um bebê que nascera naquele momento", disse Barroso.
O presidente informou ainda que o Parlamento Europeu vai votar um plano para lançar patrulhas de busca e resgate para interceptar barcos com imigrantes no Mediterrâneo.
"Melhor mandar um telegrama"
Imigrantes que vivem na ilha realizaram na noite de terça-feira um protesto em frente a veículos de meios de comunicação para denunciar as condições sub-humanas do abrigo em que estão instalados. O local está superlotado e em má condições estruturais, alojando mais de mil pessoas, incluindo dezenas de menores. De acordo com os manifestantes, o prédio tem capacidade para somente 300 refugiados.
A prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, disse na terça-feira que a visita de representantes da União Europeia era "apenas uma cortesia" para que as autoridades pudessem demonstrar pesar com a morte das centenas de imigrantes no naufrágio. Ela afirma ter mandado inúmeras cartas para a UE alertando sobre a situação da chegada de imigrantes. No entanto, nenhuma das mensagens foi respondida.
"É melhor mandar um telegrama", ironizou Giusi sobre a visita de Barroso.
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