Pessoas observam a Torre Eiffel durante tributo às vítimas dos ataques em Paris| Foto: Philippe Wojazer/REUTERS

“Sexta-feira à noite vocês roubaram a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas vocês não terão o meu ódio.” É assim que começa o desabafo do jornalista francês Antoine Leiris, cuja mulher foi uma das 89 vítimas que estava na casa de shows Bataclan, durante os ataques terroristas à Paris na última sexta (13). Hélène Muyal tinha 35 anos e era cabeleireira e maquiadora. O casal tinha um filho de 17 meses.

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“Responder ao ódio com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez de vocês o que vocês são. Vocês querem que eu tenha medo, que eu olhe para os meus compatriotas com desconfiança, que eu sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam”, continua o jornalista. O depoimento de Leiris, postado em sua página do Facebook na segunda-feira (16), já havia sido compartilhado milhares de vezes. Até a manhã desta quarta (18), eram 174,2 mil compartilhamentos.

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Veja o depoimento de Antoine Leiris na íntegra (tradução livre):

“Vocês não terão o meu ódio”

Sexta-feira à noite vocês roubaram a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas vocês não terão o meu ódio. Eu não sei quem vocês são e não quero saber, vocês são almas mortas. Se esse Deus, por quem vocês mataram cegamente, nos fez à Sua imagem, cada bala no corpo de minha esposa deverá ser mais uma ferida em Seu coração.

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Então, não, eu não vou dar este presente de odiá-los. Vocês bem o procuraram, mas ainda assim, responder ao ódio com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez de vocês o que vocês são. Vocês querem que eu tenha medo, que eu olhe para os meus compatriotas com desconfiança, que eu sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam.

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Eu a vi esta manhã. Finalmente, depois de dias e noites de espera. Ela estava tão bonita como quando ela me deixou naquela sexta à noite, tão bela como quando eu me apaixonei por ela há mais de 12 anos. Claro que estou arrasado pela dor, eu lhes concedo esta pequena vitória, mas ela será de curta duração. Eu sei que ela vai nos acompanhar todos os dias e nós vamos nos encontrar neste paraíso de almas livres que vocês nunca vão entrar.

Nós somos dois, meu filho e eu, mas nós somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Eu também não tenho mais tempo para vocês, devo me juntar ao Melvil, que acorda de um cochilo. Ele tem apenas 17 meses, vai comer o seu almoço como todos os dias, então nós vamos brincar como todos os dias e por toda a sua vida esse garotinho será uma afronta a vocês por ser feliz e livre. Porque não, vocês não terão o ódio dele também.

Paranaense fala sobre o medo na capital francesa:
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