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A Casa Branca minimizou nesta quarta-feira a demissão de seis ministros do principal bloco sunita no Iraque, o que fragiliza o governo de Nuri al-Maliki.

O porta-voz presidencial, Tony Snow, qualificou a situação de "manobra política interna", destacando que o vice-presidente sunita, Tarek Al-Hachémi, prossegue no cargo.

"Isto serve para demonstrar algumas dificuldades existentes em trabalher na esfera política no Iraque", prosseguiu.

O presidente George W. Bush pediu hoje ao governo iraquiano, durante uma videoconferência de 45 minutos, que avance em prol de uma reconciliação nacional, o que os dirigentes americanos consideram um elemento importante para acabar com a violência religiosa.

"Temos necessidade de atos, não de palavras" disse o presidente Bush, ao que o premier Maliki respondeu: "compreendi bem e estamos agindo", segundo o porta-voz.

Os seis ministros do principal bloco sunita no Iraque decidiram renunciar nesta quarta-feira, debilitando ainda mais a coalizão governamental dirigida por Nuri al-Maliki.

"A Frente da Concórdia Nacional anuncia sua retirada do governo de Nuri al-Maliki. Os ministros apresentarão sua renúncia hoje", declarou o deputado Rafah al-Issawi durante uma entrevista coletiva na Zona Verde, área protegida por fortes medidas de segurança em Bagdá, ao lado de Tarek Al-Hashemi.

Hashemi permanecerá no cargo e os 44 deputados (de um total de 275) da Frente da Concórdia continuarão participando das sessões da Assembléia Nacional, que serão retomadas em setembro.

O principal bloco sunita havia anunciado em 19 de julho o fim do boicote no Parlamento, mas os seis ministros decidiram prosseguir com o boicote ao governo.

Na semana passada, o bloco fez um ultimato ao governo, ameaçando deixar a coalizão após um mês de conflitos. Exigiu o fim dos ataques e das campanhas de detenções, executadas na sua opinião por milícias xiitas aliadas à coalizão governamental nas localidades sunitas.

As relações entre as duas principais correntes do Islã no Iraque, os xiitas e os sunitas, têm se caracterizado por um clima de contínua tensão.

Os xiitas representam mais da metade da população iraquiana.

Depois de anos de opressão durante o regime sunita de Saddam Hussein, conquistaram ampla vitória nas eleições gerais realizadas no país, chegando ao poder pela primeira vez na história do Iraque.

Sua longa exclusão do processo político em benefício dos sunitas começou nos anos 20, quando as autoridades religiosas xiitas pediram aos fiéis que boicotassem as eleições organizadas pelo ocupante britânico.

A marginalização dos xiitas, que nos anos 50 eram maioria no Partido Baath e no Partido Comunista iraquiano, se acelerou nos anos 70, com o aumento do poder do clã sunita de Tikrit de Saddam Hussein.

A chegada ao poder de Saddam se traduz na proibição de algumas festas religiosas, como o Ashura, e uma repressão sangrenta contra os dirigentes religiosos xiitas.

Já os sunitas buscam se apresentar como a facção que aplica as doutrinas, normas e costumes estabelecidos pela religião. Eles se submetem à sunna ("Tradição do Profeta") e geralmente obedecem o poder instalado, inclusive se não for religioso.

Uma corrente muito purista do sunismo é o wahabismo, atualmente doutrina de Estado na Arábia Saudita.

Sempre estiveram à frente do Estado e dominaram o Exército e as forças de segurança. Sob o regime de Saddam Hussein, os sunitas se beneficiavam da proteção do presidente e ocupavam a maioria dos postos de comando, formando essencialmente os quadros superiores do Exército, da polícia e do Partido Baath.

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