Manifestantes mascarados que constroem barricadas e participam dos protestos na Praça da Independência, no centro de Kiev| Foto: Thomas Peter/Reuters; Thomas Peter/Reuters; Vasily Fedosenko/Reuters; Thomas Peter/Reuters

Cronologia

Datas que marcaram a trajetória dos protestos ucranianos:

nov.2013 – Alinhando-se à Rússia, o governo ucraniano se recusa a assinar um acordo de integração com a União Europeia. Cerca de 5 mil jovens iniciam protestam em Kiev.

1º.dez.2013 – Manifestações reúnem 100 mil em Kiev, que ocupam prefeitura. Governo proíbe protestos na Praça da Independência, mas a multidão ignora a ordem.

3.dez.2013 – Barricadas são erguidas por manifestantes na capital; Putin se manifesta contra atos. O ex-boxeador Vitali Klischko assume protagonismo entre opositores ao anunciar candidatura à Presidência.

8.dez.2013 – Sob temperaturas abaixo de zero grau, cerca de 500 mil pessoas fazem protesto contra o presidente no bulevar Schevchenko, em Kiev.

17.dez.2013 – Putin e Yanukovich acertam socorro financeiro da Rússia para a Ucrânia, com compra de títulos da dívida e desconto no fornecimento de gás. O plano ­contém as manifestações temporariamente.

26.dez.2013 – Manifestantes protestam em frente ao Ministério do Interior após espancamento da jornalista de oposição Tetyana Chornovil, supostamente realizado por agentes do governo.

19.jan.2014 – Parlamento aprova lei que proíbe manifestações políticas em Kiev e deflagra nova onda de protestos, com 200 mil nas ruas da capital

22.jan.2014 – Violência aumenta nos protestos; quatro manifestantes são mortos e há relatos de até 300 feridos.

23.jan.2014 – Governo e oposição estabelecem trégua para negociações, que fracassam.

27.jan.2014 – Governo recua e aceita acabar com leis antiprotestos. Yanukovich oferece cargo de premiê a Yatseniuk, que recusa.

Ontem – Premiê ucraniano, Mykola Azarov, renuncia; Parlamento aprova fim das leis que reacenderam a revolta popular.

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Mykola Azarov, ex-premiê da Ucrânia
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Pressionado pela onda de protestos que já dura dois meses, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez ontem suas maiores concessões até agora. A pedido dele, o Parlamento votou, em reunião extraordinária, a anulação de nove das doze leis repressivas que, neste mês, haviam levado a confrontos na capital, Kiev. Junto com isso, Yanukovich teve de aceitar o pedido de renúncia do premiê, Mykola Azarov, um aliado fiel.

Entre os textos anulados por 361 dos 412 deputados presentes está aquele que determinava a prisão, por até 15 anos, dos participantes de manifestações pacíficas.

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A legislação proibia, ainda, a instalação de barracas em espaços públicos, o bloqueio de prédios estatais, a organização de carreatas e o uso de máscaras nos atos.

Todas essas normas têm sido violadas diariamente no país, já que a Praça da Independência, no centro de Kiev, está tomada por barricadas e protestos há meses.

Segundo a Constituição, a saída do primeiro-ministro significa a dissolução de todo o gabinete.

Anteriormente, o presidente Yanukovich havia oferecido o cargo de primeiro-ministro ao líder opositor Arseni Yatseniuk, como maneira de apaziguar protestos. Yatseniuk recusou a oferta.

Resistência

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Na Praça da Indepen­dência, manifestantes vêm afirmando que só deixarão de protestar após a renúncia do próprio Yanukovich.

O político e ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição ucraniana, afirmou que a saída de Azarov "não é a vitória, mas só um passo rumo à vitória".

A crise civil foi iniciada na Ucrânia no último mês de novembro, após Yanukovich desistir de um aguardado processo de aproximação com a União Europeia.

Ele optou, no lugar disso, por reforçar os laços com a Rússia, sob pressão do presidente Vladimir Putin.

Em contrapartida, a Rús­­sia ofereceu um auxílio de US$ 15 bilhões e diminuiu o preço do gás natural vendido a Kiev. Putin disse que a Ucrânia "não precisa de intermediários" e que Moscou "quer ter a certeza de que recuperará seu dinheiro".

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Violência

Os protesto pacíficos em torno da Praça da In­­­­de­pendência, no centro de Kiev, tornaram-se ainda mais problemáticos em janeiro, quando foram aprovadas as medidas entendidas como antidemocráticas.

No último dia 22, no primeiro confronto que terminou com vítimas, ao menos três foram mortos. Desde então, a região oeste do país – menos influenciada pela Rússia – tem visto manifestações e a tomada à força de construções públicas.

Quem é quem na crise política da Ucrânia:

Viktor Yanukovich

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Presidente da Ucrânia, ligado a setores do leste do país, mantém relação com Moscou.

Vitali Klischko

Ex-boxeador, abandonou o esporte em 2005 para entrar na política; é o opositor mais popular.

Mykola Azarov

Ex-primeiro-ministro, aliado de Yanukovich.

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Arseni Yatseniuk

Político pró-europeu e líder do partido Batkivshchyna no Parlamento.