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Um dia antes de o Congresso hondurenho votar sobre a volta de Manuel Zelaya, o presidente deposto enviou um recado a seus seguidores que pode dificultar ainda mais sua restituição. A mensagem foi transmitida para a imprensa e membros de movimentos pró-Zelaya pelo assessor do presidente deposto, Carlos Eduardo Reina, que saiu esta terça-feira da Embaixada Brasileira em Tegucigalpa, onde permaneceu por 72 dias.

Segundo Reina, Zelaya reivindica a anulação das eleições de domingo. Ele exige ser restituído ao poder sem precondições, além de receber de volta "o tempo mutilado de seu mandato, que deve ser de quatro anos".

Além disso, Zelaya quer fazer com que os que lideraram o golpe que o derrubou em 28 de junho sejam levados a julgamento num tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Restituir Zelaya é uma obrigação dos que derrubaram a democracia, mas sem condições", disse Reina. "Já as eleições, serão denunciadas por serem fraudulentas e exigiremos que elas sejam anuladas."

Um dos homens de confiança de Zelaya, Reina justificou sua saída dizendo que vai "reorganizar o movimento de resistência contra o golpe em todo o país". Ele também garantiu que o governo deposto não está negociando com o presidente eleito, Porfírio "Pepe" Lobo.

Em um discurso, na segunda-feira, Lobo prometeu diálogo e um governo de união nacional. No entanto, ele também disse que Zelaya era "parte do passado" e fugiu das perguntas sobre uma possível anistia ao presidente deposto - acusado de traição à pátria e outros crimes pela Justiça hondurenha.

A votação que o Congresso hondurenho deve fazer amanhã para decidir sobre a legalidade da restituição de Zelaya foi estipulada pelo Acordo San José-Tegucigalpa, assinado pelo presidente deposto e o presidente de facto, Roberto Micheletti, em 30 de outubro.

Zelaya, porém, diz que o pacto foi rompido porque a decisão deveria ter sido tomada antes das eleições, não depois.

Na quarta-feira, seus aliados planejam protestar em frente do Legislativo para pedir o "retorno da democracia no país".

A volta de Zelaya poderia ser uma forma de o governo de Lobo conseguir dobrar a resistência do grupo de países que se recusa a reconhecer as eleições de domingo - no qual está incluído o Brasil.

Na terça-feira pela manhã, rumores de que o Partido Nacional, de Lobo, poderia se colocar a favor desse retorno no Congresso (ainda que com uma série de condições) para acabar com o isolamento internacional de Honduras, circulavam entre simpatizantes do governo deposto. A declaração radical de Reina, porém, reduziu as chances de que isso aconteça.

Na semana passada, a Corte Suprema e o Ministério Público hondurenhos emitiram pareceres contrários à volta do líder deposto. "Os pareceres não são vinculantes, mas, como representantes da população hondurenha, também é complicado decidir contra a lei", disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" o deputado Marco Antonio Andino Flores, do Partido Liberal.

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