A declaração de Zuckerberg gerou críticas de especialistas da área, nos EUA| Foto: MLADEN ANTONOV/AFP

Em nova entrevista, Mark Zuckerberg, cofundador, presidente e presidente-executivo do Facebook, rede social que superou 2 bilhões de usuários em todo o mundo em 2017, declarou que vislumbra a criação de uma estrutura para decidir o que pode ser publicado na plataforma.

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A longo prazo, afirmou, o que “realmente gostaria de ter” é um processo em que “as pessoas no Facebook tomem a primeira decisão, com base nos padrões da comunidade, e então as pessoas possam obter uma segunda opinião”, num tribunal de recursos:

“Pode-se imaginar algum tipo de estrutura, quase como uma Suprema Corte, composta de pessoas independentes que não trabalham para o Facebook e que fazem o julgamento final sobre o que deve ser discurso aceitável numa comunidade que reflete as normas sociais e valores de pessoas no mundo todo”.

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A declaração motivou críticas imediatas, nos EUA. Mathew Ingram escreveu no Columbia Journalism Review, publicado pela Universidade Columbia: “Ideia sensata ou vislumbre assustador de um futuro em que o Facebook é censor global? Como de costume, um pouco de ambos”.

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No podcast de 50 minutos, Zuckerberg usou a palavra “comunidade” 17 vezes. Por exemplo, ao justificar seu controle do Facebook: “Meu objetivo é criar uma estrutura de governança em torno do conteúdo que reflita mais o que as pessoas da comunidade querem do que aquilo que acionistas, com orientação de curto prazo, possam querer”.

Zeynep Tufekci, professora da Universidade da Carolina do Norte, reagiu descrevendo a entrevista não como mais “um pedido de desculpas” de Zuckerberg, mas como “uma admissão de que [na plataforma] não estão preparados para lidar com esse poder”, acrescentando:

“Não sei o que é mais assustador: o uso repetido e totalmente inadequado da palavra ‘comunidade’ ou aquilo em que muitas pessoas no Facebook realmente acreditam -que elas não agem como empresa porque ‘ocasionalmente’ evitam o pior”.

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Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia que prepara o lançamento de um livro sobre “como o Facebook mina a democracia” (“Antisocial Media”, Oxford University Press), afirmou que a nova entrevista de Zuckerberg mostra “que a engenharia social megalomaníaca, com um rosto sorridente, ainda é a sua missão”.

Apple

Na conversa com o jornalista Ezra Klein, da Vox, o executivo respondeu às críticas de Tim Cook, presidente da Apple, que havia declarado que sua empresa nunca estaria na “situação” enfrentada hoje pelo Facebook porque vende produtos para os seus usuários -e não dados de seus usuários para anunciantes.

Zuckerberg afirmou que o argumento usado por Cook, de que o Facebook “não se importa” com o usuário porque ele “não está pagando”, é muito simplista “e nada alinhado com a verdade”.

Na visão do presidente do Facebook, “a realidade é que, se você deseja criar um serviço que ajude a conectar todos no mundo, há muitas pessoas que não podem pagar”. Portanto, “como em muitos meios de comunicação, ser sustentado por publicidade é o único modelo racional para alcançar as pessoas”.