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Não tinha como evitar: a derrota do Brasil para a Alemanha, por 7 a 1, provocou a vontade de escrever sobre o tema. Afinal, a dificuldade do jogo já era previsível, mas o tamanho da derrota foi algo inédito e assustador. Como gosto de escrever sobre estratégia, pergunto: qual foi o erro estratégico?

Não entendo quase nada de futebol, mas eu e milhões de torcedores podemos afirmar com segurança que faltou planejamento da estratégia de jogo. Tudo bem que derrotas fazem parte do esporte, que a superioridade do time alemão é inquestionável. Tudo bem que houve desfalques importantes no time – a saída de Neymar evidentemente fez diferença. Mas time que é time treina pesado e se prepara para enfrentar diferentes cenários. Mas há alguns anos que a seleção não vem apresentando nosso melhor futebol. E o pior cenário, com a maior das adversidades, aconteceu: jogar uma semifinal com um grupo desfalcado, contra um time preparadíssimo como a Alemanha – um país cuja competência futebolística é reconhecida e que dá show também em outros campos.

A ausência do craque na semifinal e a falta de atitude do técnico em reagir à goleada enfraqueceram ainda mais o time. Não digo que faltou sorte. Nem quero julgar a competência dos jogadores e do técnico. O problema também é a nossa expectativa. Definitivamente não dá para contar somente com o jeito brasileiro de ser, alegre, leve e solto, que acredita que no fim tudo vai dar certo, que se apoia na força de vontade para ganhar um jogo.

Vivemos em um país onde os apelos emocionais da publicidade, por exemplo, se sobrepõem à razão e à análise. A emoção de presenciar o maior campeonato esportivo do mundo em casa e a esperança de vencer todas as adversidades apresentadas nos levou a uma falsa sensação de que podíamos chegar lá, mesmo com dificuldades. Só que veio a frustração, junto com a tristeza e a perplexidade. Agora, só resta transformar essa derrota histórica em aprendizado. Ser campeão do mundo não é o que vai mudar nossa realidade, e esse resultado traz a chance de resgatar a capacidade de se recompor, de fazer melhor e de dar a volta por cima na próxima oportunidade.

Essa reflexão se aplica também ao mundo corporativo: quantas vezes analisamos todos os cenários possíveis e nos preparamos para eles? Quantas vezes planejamos a comunicação de forma estratégica? A gestão da comunicação da imagem e posicionamento nas organizações, se realizada corretamente, gera credibilidade e reputação da marca. Para isso, é necessário analisar todos os cenários possíveis e se preparar para executar as ações apropriadas para que os objetivos sejam alcançados com excelência. No caso de, ainda assim, acontecer uma crise ou fatalidade, saberemos como minimizar os impactos e gerenciar as consequências da melhor forma possível, preservando a imagem e a reputação da organização. Estamos falando de planejamento.

E esse foi o erro estratégico da seleção brasileira. Não foi má sorte. Foi falta de planejamento e de preparo técnico, tático e físico, que acabou por abalar a imagem e o posicionamento vencedor de uma marca valiosa para os brasileiros.

Denise Revelk Cecatto, responsável pelos serviços de consultoria de imagem e posicionamento da Smartcom – Inteligência em Comunicação e docente dos cursos de pós-graduação em Gestão da Comunicação da FAE Business School e Universidade Tuiuti do Paraná.

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