Congresso Nacional, em Brasília: propostas de reforma tributária se arrastam no Legislativo| Foto: Pedro França/Agência Senado
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A polarização que tem marcado o debate político nos últimos anos não pode ser entrave para um debate mais racional sobre as saídas que o Brasil precisa encontrar para sair desse infindável ciclo de atraso que nos mantém na retaguarda dos países mais desenvolvidos.

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Como entidade representativa de milhares de empresas, em grande parte de pequenos e médios empreendedores, a Associação Comercial do Paraná promove discussões sobre o cenário econômico do país e, antecipando-se ao debate eleitoral, tem recebido pré-candidatos à Presidência da República para, além de ouvi-los, apresentar sua contribuição com sugestões em torno das demandas mais urgentes do setor produtivo. Já estiveram na entidade os pré-candidatos Luiz Felipe D’Avila, do Novo, e Sergio Moro, do Podemos.

Sintetizamos a estes dois políticos que só voltaremos a crescer de forma consistente e sustentável se adotarmos medidas que venham a melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Burocracia sufocante, impostos abusivos e um Estado gigante e pesado extorquindo quem produz e gera riqueza tornam o empreendedorismo uma atividade de alto risco.

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O brasileiro trabalha em média quase cinco meses para pagar impostos. De tudo o que produzimos, 33% vão para sustentar a máquina estatal brasileira, com seus abusos e privilégios que tanto custam aos cidadãos.

A ACP é defensora da simplificação e transparência nas tributações, pregando sempre que a diminuição da carga tributária trará maior competitividade à economia. Sufocadas pela burocracia e alta tributação, empresas quebram e todos perdem: negócios falidos não geram renda, não dão empregos e não pagam impostos.

A desoneração da folha de pagamento, aliada a alíquotas únicas, é base sólida de mudança do quadro atual, a despeito de pontos específicos como o setor de prestação de serviços, que deve receber um olhar atento quando da implementação da reforma.

O ponto essencial que precisa estar na pauta do Executivo e do Legislativo é o seguinte: a reforma tributária deve ser feita em conjunto com a administrativa, com o objetivo de atrelar a diminuição do custo do Estado à redução de impostos, na forma de gatilhos, trazendo uma obrigatoriedade de aperfeiçoamento na gestão pública com ganhos reais ao setor privado.

Não há dúvidas de que a reforma administrativa é a mais urgente e a base de todas as outras, pois nada poderá ser corrigido se não for reduzido o dispêndio gigantesco com a máquina pública. Lembrando que em todas as esferas – municípios, estados e União – a folha de pagamentos chega em muitos casos a consumir 95% dos orçamentos. Daí a lógica de atrelarmos as duas reformas estruturais: obtendo-se sucesso na redução de despesas, passa-se a cobrar menos impostos. Por exemplo: quando se alcançar 1% de redução no custeio, corta-se automaticamente 1% na arrecadação.

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Também é urgente colocar em discussão a continuidade da criação de municípios que não conseguem se sustentar e dependem de repasses de recursos públicos, ou seja, recursos oriundos dos impostos pagos por toda a população.

Muitas ideias e propostas serão apresentadas pelos mais diversos setores da sociedade nos próximos meses. Devemos cobrar dos políticos compromisso com medidas concretas e responsáveis e não soluções mágicas que só alimentam o populismo. O país precisa avançar em uma verdadeira e profunda reforma da estrutura do Estado e dos instrumentos de gestão do que são os bens públicos, passo essencial para tornar o Estado mais eficiente.

Camilo Turmina é presidente da Associação Comercial do Paraná.