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Membro das forças de segurança de Israel em estação de polícia destruída em Sderot, próximo à Faixa de Gaza.
Membro das forças de segurança de Israel em estação de polícia destruída em Sderot, próximo à Faixa de Gaza.| Foto: EFE/EPA/ATEF SAFADI

Embora previsível, o forte ataque do Hamas a Israel deixou o mundo atônito. Ousado e mortal, o ataque suscita de imediato a seguinte questão: quais são os objetivos do Hamas? Desde o governo Trump, os EUA estão intermediando acordos entre Israel e países árabes. Assim, em 2020 os Emirados Árabes e o Bahrein “normalizaram” suas relações com Israel, apontando para o reconhecimento do Estado Judeu. Agora, na gestão Biden, um acordo entre Israel e a Arábia Saudita estava próximo de ser firmado.

Embora não existam razões singulares para problemas complexos, é certo que o recente ataque do Hamas visa impedir o acordo judeu-saudita e dizer que não haverá paz na região sem a participação palestina. Na leitura do Hamas, esse acordo consolidaria o Estado Judeu e o apartheid do povo palestino. Afinal, para além do seu poder econômico, político e cultural, a Arábia Saudita é a depositária das tradições do Islã e sede das cidades sagradas de Meca e Medina. A lógica do poder raramente se sensibiliza com o sofrimento causado por suas ações. Assim, ao ataque do Hamas vivemos os contra-ataques de Israel, avolumando a destruição e o número de vítimas. Mas é evidente que a sociedade internacional não pode tolerar a escalada do conflito judeu-palestino.

Ocupando a presidência itinerante do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil pode contribuir para a paz. Sem adentrar no mérito do conflito ou identificar os que desejam manter a instabilidade do Oriente Médio, é certo que a tradição pacifista do Brasil pode facilitar, senão a paz, ao menos um cessar-fogo. EUA, Rússia e China, assim como Irã, Líbano e Síria também são atores fundamentais.

Só o poder limita o poder. Por razões históricas, o poder de Israel é muito maior que os poderes presentes na Palestina, seja o Hamas ou a desacreditada Autoridade Palestina. O Estado de Israel deve existir. O Estado Palestino também. Todavia, neste momento, a sociedade internacional é a única barreira entre os civis palestinos e o massacre já em curso pela reação de Israel, hoje sob a liderança extremista de Benjamin Netanyahu. Somos todos humanos, logo, é preciso firmar a paz.

Lier Pires Ferreira é professor do Ibmec/RJ e pesquisador do Lepdesp da UERJ.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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