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Encerrado o impasse da realização dos jogos da Copa do Mundo na Arena da Baixada, com a confirmação de Curitiba pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, como uma das sedes do maior evento do futebol mundial, resta ainda uma questão a ser resolvida: a votação pela Câmara Municipal da proposta de decretação de feriados nos dias de jogos em nossa capital, além daqueles já decretados pela União nos dias em que a seleção brasileira entrar em campo.

A confirmação da Copa em Curitiba é uma vitória a ser comemorada por toda a população, que também espera que os recursos para as obras do estádio sejam devidamente garantidos e honrados pelo próprio clube que está se utilizando dos financiamentos.

Sobre os feriados adicionais, auscultando o sentimento do setor empresarial e da sociedade, em carta entregue ao prefeito Gustavo Fruet e aos vereadores, a Associação Comercial do Paraná elencou alguns fatores altamente prejudiciais ao desempenho da atividade econômica – indústria, comércio e serviços –, culminando com prejuízos irrecuperáveis, sem contar receitas adicionais a serem geradas pelos milhares de turistas que visitarão a cidade.

Em síntese, não há razões plausíveis para os feriados, a não ser que se pretenda tão-somente beneficiar com folgas os empregados em empresas privadas, servidores públicos e operários da construção civil, entre outras categorias. A questão da mobilidade estará resolvida com a alteração do calendário escolar, medida mais que suficiente para aliviar o trânsito da cidade. Além disso, é flagrante o desprezo pelos que defendem os feriados em relação ao argumento de que a Copa trará benefícios à economia do país e das cidades-sede.

Assim, é imprescindível que o governante explique sem rebuços o que devem fazer as empresas, principalmente micro e pequenas, e os que se sentiram estimulados a investir na ampliação da oferta e atendimento à demanda potencializada pela realização do evento. Não há dúvida de que o trabalho é essencial para a vida das pessoas e, assim, seria um clamoroso desrespeito aos que buscaram se qualificar, até mesmo estudando outro idioma para melhor receber os turistas e a própria mídia estrangeira.

É lícito listar como devaneio kafkiano a ideia da paralisação de uma cidade que receberá visitantes de várias partes do mundo com as portas fechadas e as praças, ruas e avenidas desertas. É preciso mostrar a todos uma cidade vibrante e pulsante, confirmando a realidade outrora apresentada como modelo para as cidades coirmãs nacionais e estrangeiras. Considere-se igualmente a perda na arrecadação de tributos essenciais para as melhorias na infraestrutura ou nas áreas críticas da segurança pública, saúde e educação.

Resta meridiana a constatação de que não se pode suplantar o bom senso com a adoção de leis que prejudiquem a cidade diante de interesses menores, eventuais e ilógicos, quando está em xeque o interesse da sociedade. Vale lembrar que países que realizaram Copas, como a Alemanha e África do Sul, não viram a menor necessidade de estabelecer feriados mesmo durante jogos de suas seleções nacionais.

Todas as ponderações apontam para a inconveniência dos feriados. Portanto, confiamos que as autoridades e legisladores municipais saberão decidir com serenidade e discernimento uma questão por demais relevante para nossa cidade.

Edson José Ramon, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.

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