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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Das 50 maiores empresas do setor agropecuário brasileiro em 2015, 27 eram cooperativas – e representaram, juntas, 51% da receita líquida desse grupo. Para se ter uma ideia mais clara da grandeza desse modelo, se somássemos o faturamento das cooperativas paranaenses Coamo e Lar, elas se tornariam a maior empresa do setor no Brasil.

As cooperativas não são apenas um caso de sucesso econômico, mas também contribuem para o desenvolvimento social. Enquanto as empresas privadas priorizam o lucro para seus acionistas, cooperativas visam a fornecer também produtos e serviços para seus membros com o menor custo possível no longo prazo. Isso pode provocar percepção de um ritmo lento de crescimento, mas estudos revelam que, nos setores alimentar e agrícola, essas organizações têm crescimento médio superior ao de companhias privadas.

Há grande potencial para ganhos de escala se as tarefas forem centralizadas

Para manter esse ritmo de crescimento, contudo, as cooperativas devem estar atentas a alguns desafios, dos quais o primeiro é a eficiência operacional. Uma das principais características do modelo atual das cooperativas é a alta descentralização de sua operação, geralmente segmentada em unidades geograficamente afastadas. Logo, há grande potencial para ganhos de escala se as tarefas forem centralizadas, sobretudo a compra de insumos, as parcerias com fabricantes e prestadores de serviço, e a aquisição de equipamentos e novas tecnologias. Outra oportunidade para elevar a eficiência operacional é por meio da divisão de conhecimento entre os cooperados. Ao realizar a coleta e consolidação de dados operacionais de seus cooperados, cooperativas têm informações relevantes sobre produtividade que podem ser compartilhadas de volta com seus membros, de modo a facilitar a divulgação de melhores práticas e elevar a produtividade média.

Cooperativas costumam ter estruturas complexas, que resultam em tomadas de decisão mais burocráticas e lentas. Para se adequar a um mercado cada vez mais dinâmico, elas precisam revisar sua estrutura organizacional e garantir que haja profissionais adequados para cada nível. Algumas cooperativas, como a Cocamar, já perceberam isso e passaram por projetos de reestruturação e profissionalização da gestão, visando um modelo administrativo mais próximo das melhores práticas de mercado.

Por fim, como grande parte das cooperativas ainda se encontra nas primeiras transições de geração, há desafios relevantes quanto à sucessão da gestão de modo a garantir sustentabilidade e continuidade dos negócios. Além da necessidade de foco nos planos sucessórios de curto e médio prazo, a criação de programas estruturados para desenvolvimento e incentivo de novas lideranças auxilia cooperativas no planejamento.

Cooperativas tendem a se beneficiar do crescimento superior do agronegócio em relação ao PIB brasileiro, e representam uma alavanca importante para a retomada do crescimento, com possibilidade de ampliar para todo o país o impacto registrado em regiões como norte do Paraná e oeste de Santa Catarina.

Pedro Guimarães é líder da McKinsey na Região Sul. Cassio Boone é consultor da McKinsey na Região Sul.
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