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Educação infantil
Imagem ilustrativa.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A participação da família no desenvolvimento pedagógico e social das crianças é fundamental, assim como na construção intelectual desses indivíduos. Inúmeros estudos já atestam esse fato, como uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), de 2015, publicada na revista Psico-USF, que provou que dentre alunos do ensino fundamental há uma forte correlação entre a sensação de pertencimento à escola e o suporte emocional da família com o aprendizado pelo aluno em Matemática, leitura e Ciências.

Historicamente, esse movimento de trazer as famílias para a comunidade escolar começou a tornar-se realidade a partir do surgimento da Escola Nova, com o filósofo John Dewey, no fim do século passado. Mas somente em 1932 ela foi difundida no Brasil, a partir do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Dentre toda a importância social, o principal objetivo dos escolanovistas era considerar a educação uma necessidade para a evolução das ideias e aquisição do conhecimento. Ou seja, a participação dos alunos e suas experiências de vida passaram a ser essenciais para tornar o ambiente de aprendizagem significativo e a escola, uma atmosfera viva, circular e importante para a comunidade.

Ao transportar agora para a realidade atual, a família nunca foi tão essencial no processo de ensino-aprendizagem. A escola, mais do que nunca, não existe sem a família e vice-versa. Para que nosso espaço de aprendizado faça sentido para a criança, ela precisa fazer sentido para os pais.

Porém, este é um desafio diário. Um exemplo disso foi o período de ensino on-line, que tornou essa relação ainda mais importante, principalmente para os alunos até o ensino fundamental. A escola precisou dos pais para orientar esse caminho das aulas, trabalhos e provas; como toda mudança, esta foi desafiadora e cheia de descobertas.

Mas o ponto a que quero chegar é que, apesar de todos os desafios que vivemos, a escola recebeu alunos e pais diferentes daqueles de março de 2020. Se pudéssemos definir o movimento que está ocorrendo na escola em uma palavra, seria empatia. Mesmo porque a situação em nosso país ainda é muito grave e estamos vivenciando a mesma pandemia, mas com uma diferença: agora as escolas particulares estão abertas e recebendo famílias com novas demandas, mas ainda há um risco iminente e diário de contaminação.

Não são raras as vezes em que os responsáveis são avisados no meio da tarde de que o aluno apresentou sintomas da Covid-19 e que precisam vir buscá-lo. Ou, ainda, as confirmações de contaminação repentinas nas famílias, em professores, colaboradores, que levaram ao fechamento temporário de turmas presenciais e até mesmo de escolas. Do dia para a noite, tudo tem se transformado dentro do ambiente escolar. E, dentro dessa transformação constante, todos estão fazendo o seu possível: professores, coordenadores, pais, mães, avós. Tudo para que este processo seja o melhor possível diante de uma realidade cruel e devastadora.

A adaptação dos alunos e professores é constante. Seja pelo distanciamento obrigatório (e essencial), pelo uso de EPIs ou até mesmo pela nova forma de ensinar, pois ainda não é possível nem mesmo sentar em roda ao lado do amigo, compartilhar (ou até trocar) o lanche do recreio, brincar de jogos simples como peteca, amarelinha e jogos de tabuleiro. Ainda não podemos fazer nada que exija compartilhar o mesmo objeto sem antes encharcar as mãos de álcool 70.

E toda re(evolução) não seria possível sem a compreensão das famílias. Com tantos novos anúncios, que vão desde a troca da bandeira até a troca da dinâmica de aula, sente-se que os pais e responsáveis estão conectados, presentes e ativos neste dia a dia, e não é raro escutar: estamos juntos nessa, vai ficar tudo bem! E assim seguimos. Juntos, mas com distanciamento.

Carolina Paschoal é pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo, em Curitiba (PR).

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